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Nada de novo no front(pdf)

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equilíbrio. Quando escurece, vamos para <strong>no</strong>ssos alojamentos, levando Tja<strong>de</strong>n <strong>no</strong><br />

centro. Estamos excitados e cheios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> aventura. A morena <strong>de</strong>lgada é<br />

minha: foi a que me coube, quando fizemos a partilha.<br />

Tja<strong>de</strong>n cai na sua esteira e começa a roncar. De repente, acorda e <strong>no</strong>s dá um<br />

sorriso tão malicioso, que <strong>no</strong>s assustamos e chegamos a pensar que tivesse fingido<br />

e <strong>no</strong>s enganado, e que todo o ponche que lhe pagamos tivesse sido inútil. Mas ele<br />

cai para trás e pega <strong>no</strong>vamente <strong>no</strong> so<strong>no</strong>.<br />

Cada um <strong>de</strong> nós prepara um pão inteiro e embrulha-o em jornal. Juntamos<br />

os cigarros e, além disso, mais três generosas porções <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> fígado, que<br />

recebemos hoje à <strong>no</strong>ite. Isto é que se chama um bom presente!<br />

Guardamos tudo cuidadosamente nas botas, pois temos <strong>de</strong> levá-las para o<br />

outro lado, a fim <strong>de</strong> não pisar em arame farpado ou cacos <strong>de</strong> vidro. E, porque<br />

temos <strong>de</strong> nadar, não po<strong>de</strong>mos levar roupa. Está escuro, e não fica longe.<br />

Partimos com as botas na mão. Rapidamente, <strong>de</strong>slizamos para <strong>de</strong>ntro da<br />

água; nadamos <strong>de</strong> costas, mantendo as botas e seu conteúdo acima da cabeça.<br />

Na outra margem, subimos com cuidado, tiramos os embrulhos e calçamos<br />

as botas. Colocamos os presentes embaixo do braço. Assim, molhados e<br />

inteiramente nus, apenas com as botas, começamos a correr. Achamos logo a<br />

casa. Fica na escuridão do bosque. Leer tropeça numa raiz e esfola os cotovelos.<br />

― Não faz mal ― diz, alegremente.<br />

Nas janelas, há venezianas. Ro<strong>de</strong>amos a casa e tentamos olhar pelas frestas.<br />

Ficamos impacientes. Kropp pára <strong>de</strong> repente.<br />

― E se houver um major lá <strong>de</strong>ntro com elas?<br />

― Então, daremos o fora ― brinca Leer. ― Ele po<strong>de</strong> tentar ler o número<br />

<strong>de</strong> <strong>no</strong>sso regimento aqui ― e dá uma palmada <strong>no</strong> traseiro.<br />

A porta está aberta. Nossas botas fazem um certo ruído. Uma porta se abre,<br />

vê-se uma luz, uma mulher <strong>de</strong>ixa escapar, assustada, um grito. No melhor francês<br />

que se sabe, dizemos-lhe:<br />

― Pst... Pst... camara<strong>de</strong>... bon ami... ― dizemos, e, ao mesmo tempo,<br />

erguemos <strong>no</strong>ssos embrulhos <strong>no</strong> ar.<br />

Agora aparecem as outras duas; a porta abre-se por inteiro e a luz <strong>no</strong>s<br />

ilumina. Elas <strong>no</strong>s reconhecem, e todas as três riem, <strong>de</strong>scontraidamente, ao verem<br />

<strong>no</strong>ssa indumentária. Riem tanto, que se torcem e balançam <strong>no</strong> umbral da porta.<br />

Como são insinuantes seus movimentos!<br />

― Un moment...<br />

Elas <strong>de</strong>saparecem e <strong>no</strong>s atiram peças <strong>de</strong> roupa, nas quais <strong>no</strong>s enrolamos <strong>de</strong><br />

qualquer maneira. Então, recebemos permissão para entrar. Um peque<strong>no</strong> lampião<br />

ar<strong>de</strong> <strong>no</strong> quarto; faz calor e sente-se um leve perfume. Desembrulhamos <strong>no</strong>ssos<br />

presentes. Seus olhos brilham, vê-se que têm fome.<br />

Depois, ficamos todos um pouco sem jeito. Leer finge que quer comer.<br />

Então, tudo se reanima, elas vão buscar pratos e facas, atiram-se à comida,<br />

levantando cada ro<strong>de</strong>la <strong>de</strong> lingüiça <strong>no</strong> ar, com olhares <strong>de</strong> admiração. Nós ficamos

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