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Erich Maria Remarque<br />
(1898-1970)<br />
Erich Maria Remarque nasceu Erich Maria Kramer a 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1898,<br />
em Osnabrück, Alemanha. Realizou os estudos básicos na sua cida<strong>de</strong> natal e<br />
freqüentou a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Münster. Parou <strong>de</strong> estudar aos <strong>de</strong>zoito a<strong>no</strong>s para<br />
juntar-se ao exército alemão na Primeira Guerra Mundial. Nas trincheiras, foi<br />
ferido três vezes, uma <strong>de</strong>las gravemente. Após o conflito, lutando para sobreviver<br />
em um país completamente corroído pela guerra, exerceu diversas profissões: foi<br />
pedreiro, organista, motorista e agente <strong>de</strong> negócios, até estabilizar-se, mais ou<br />
me<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> jornalismo, exercendo funções <strong>de</strong> crítico teatral e repórter esportivo,<br />
entre outras, em alguns jornais <strong>de</strong> Han<strong>no</strong>ver e Berlim.<br />
Mas, mesmo com uma vida mais estabilizada, não esqueceu o pesa<strong>de</strong>lo da<br />
guerra. Suas <strong>no</strong>ites <strong>de</strong> insônia eram preenchidas por infindáveis ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, on<strong>de</strong><br />
a<strong>no</strong>tava os horrores que viveu. Logo <strong>de</strong>scobriu naquelas folhas manuscritas o<br />
núcleo <strong>de</strong> um livro ― um romance sobre o absurdo da guerra. A editora Ullstein<br />
insistiu <strong>no</strong> lançamento da narrativa, mas o máximo que conseguiu foi sua<br />
publicação em folhetins <strong>no</strong> jornal Wossiche Zeitung, em 1928. O sucesso <strong>de</strong> <strong>Nada</strong><br />
<strong>de</strong> <strong><strong>no</strong>vo</strong> <strong>no</strong> <strong>front</strong> (Im Western Nichts Neues) garantiu a edição do texto em<br />
formato <strong>de</strong> livro em 1929. A obra tor<strong>no</strong>u-se um êxito sem prece<strong>de</strong>ntes na<br />
literatura alemã mo<strong>de</strong>rna e <strong>de</strong>ixou o público e as autorida<strong>de</strong>s alemãs totalmente<br />
perplexos. Objeto <strong>de</strong> críticas, polêmicas e discussões, o romance <strong>de</strong> Remarque<br />
mostrou ― a um público que ainda consi<strong>de</strong>rava a guerra como uma fatalida<strong>de</strong><br />
histórica cercada por um halo <strong>de</strong> romantismo heróico ― a verda<strong>de</strong>ira face dos<br />
soldados que nela se envolveram. Não eram guerreiros, como os que apareciam<br />
<strong>no</strong>s filmes <strong>de</strong> propaganda, mas homens maltrapilhos, neuróticos e assustados.<br />
Outras obras <strong>de</strong> ficção que testemunhavam batalhas da Primeira Guerra Mundial<br />
já haviam sido lançadas, mas nenhuma parecera aos soldados tão autêntica e<br />
reveladora da verda<strong>de</strong>.<br />
<strong>Nada</strong> <strong>de</strong> <strong><strong>no</strong>vo</strong> <strong>no</strong> <strong>front</strong> ganhou o mundo e foi levado à tela em 1930, por<br />
Lewis Milestone. A película alcançou sucesso mundial e status <strong>de</strong> filme cult.<br />
Livro e filme provocaram a ira dos nacionalistas alemães. Com o recru<strong>de</strong>scimento<br />
dos sentimentos nazistas, a perseguição a Erich Maria Remarque aumentou, pelo<br />
seu pacifismo manifesto nas suas obras (em 1931, publicou também O caminho<br />
<strong>de</strong> volta, que retratava as frustrações dos que regressavam das frentes <strong>de</strong> luta).<br />
Um ainda ascen<strong>de</strong>nte Josef Goebbels e seus homens teriam interrompido sessões<br />
do filme, espalhando ratos brancos nas salas <strong>de</strong> projeção. Em 1933, com a<br />
ascensão <strong>de</strong> Hitler ao po<strong>de</strong>r, o filme foi proibido. Remarque exilou-se primeiro na<br />
Suíça e, a partir <strong>de</strong> 1939, <strong>no</strong>s Estados Unidos. No dia 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933, seus<br />
livros foram queimados na fogueira na praça da ópera, em Berlim. Em 1938, as<br />
autorida<strong>de</strong>s alemãs retiraram sua cidadania alemã, por ter “arrastado na lama” os<br />
soldados da gran<strong>de</strong> guerra e apresentado uma visão “antigermânica” dos