13.04.2013 Views

Nada de novo no front(pdf)

Nada de novo no front(pdf)

Nada de novo no front(pdf)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nosso <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> é o campo da engenharia. Alguns carregam ferros curvos e<br />

pontiagudos <strong>no</strong>s ombros; outros passam barras <strong>de</strong> ferro através dos rolos <strong>de</strong> arame<br />

farpado e vão embora. As cargas são incômodas e pesadas.<br />

O terre<strong>no</strong> torna-se mais aci<strong>de</strong>ntado e cheio <strong>de</strong> fendas. Da frente vêm avisos:<br />

“Atenção! À esquerda um buraco profundo <strong>de</strong> granada”... “Cuidado... um fosso!”<br />

Nossos olhos estão alertas, <strong>no</strong>ssos pés e os bastões tateiam o terre<strong>no</strong>, antes<br />

<strong>de</strong> ele receber o peso todo do corpo. Repentinamente, o pelotão se <strong>de</strong>tém...<br />

batemos com o rosto <strong>de</strong> encontro ao arame que o homem da frente carrega e<br />

praguejamos.<br />

Alguns carros danificados pelas granadas estão <strong>no</strong> caminho. Ouve-se uma<br />

<strong>no</strong>va voz <strong>de</strong> comando: “Apaguem os cigarros e os cachimbos”. Estamos bem<br />

perto das trincheiras.<br />

Nesse ínterim, escureceu totalmente. Contornamos um peque<strong>no</strong> bosque e,<br />

então, temos diante <strong>de</strong> nós as primeiras linhas da frente <strong>de</strong> batalha.<br />

Uma clarida<strong>de</strong> indistinta, avermelhada, espalha-se <strong>no</strong> horizonte, <strong>de</strong> um<br />

extremo ao outro. Ela parece estar em movimento contínuo, atravessada pelos<br />

clarões que irrompem das bocas das baterias. Foguetes lumi<strong>no</strong>sos elevam-se para<br />

o céu, bolas prateadas e vermelhas que explo<strong>de</strong>m e caem numa chuva <strong>de</strong> estrelas<br />

ver<strong>de</strong>s, vermelhas e brancas. Foguetes franceses sobem, abrem <strong>no</strong> ar um páraquedas<br />

<strong>de</strong> seda e <strong>de</strong>scem lentamente. Iluminam tudo como se fosse dia claro; seu<br />

brilho vem até nós e vemos a <strong>no</strong>ssa sombra nitidamente <strong>no</strong> chão.<br />

Eles flutuam <strong>no</strong> ar durante alguns minutos, até se consumirem. Em seguida,<br />

sobem outros, <strong>de</strong> todos os lugares, e <strong>de</strong>pois <strong>no</strong>vamente os ver<strong>de</strong>s, vermelhos e<br />

azuis.<br />

― Raio <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>io! ― diz Kat.<br />

O trovejar dos canhões aumenta até transformar-se em um único ribombar<br />

surdo, que logo se divi<strong>de</strong> em explosões sucessivas. As metralhadoras crepitam.<br />

Acima <strong>de</strong> nós, o ar está cheio <strong>de</strong> petardos invisíveis, <strong>de</strong> assobios, sibilos e<br />

sussurros. São as granadas <strong>de</strong> calibre me<strong>no</strong>r; mas, em meio a tudo, soa também a<br />

voz po<strong>de</strong>rosa dos canhões <strong>de</strong> grosso calibre, dos tiros da artilharia pesada, que<br />

vão cair na retaguarda. Produzem um grito rouco e distante como o dos veados <strong>no</strong><br />

cio e sobem alto por cima dos uivos e silvos dos peque<strong>no</strong>s obuses.<br />

Os holofotes começam a vasculhar o negro céu. Seus focos alongam-se<br />

como réguas imensas <strong>de</strong> extremida<strong>de</strong>s mais finas. Um <strong>de</strong>les imobiliza-se e treme<br />

um pouco. Imediatamente, um segundo aproxima-se, eles se cruzam, um inseto<br />

preto está entre eles e tenta escapar: é um aviador. Este hesita, fica ofuscado e<br />

começa a cair.<br />

Cravamos as estacas <strong>de</strong> ferro solidamente a intervalos regulares. São<br />

sempre dois homens que seguram um rolo: os outros <strong>de</strong>senrolam o arame farpado.<br />

É o horrível arame, com pontas longas e retorcidas. Como não estou mais<br />

acostumado a <strong>de</strong>senrolá-lo, rasgo as mãos.<br />

Após algumas horas, terminamos o trabalho. Mas ainda temos tempo antes

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!