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Nada de novo no front(pdf)

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― Certamente, você só trata <strong>de</strong> oficiais ― diz Kropp, com ódio na voz.<br />

Meto-me rapidamente entre eles e, para principiar, dou um cigarro ao<br />

enfermeiro. Depois que ele aceita, pergunto: ― Você tem autorida<strong>de</strong> para dar<br />

injeções? Fica ofendido:<br />

― Se não acreditam, por que vêm me perguntar? ― retruca.<br />

Meto mais uns cigarros na sua mão: ― Faça-<strong>no</strong>s este favor...<br />

― Então, está bem ― diz ele.<br />

Kropp segue-o, não confia <strong>no</strong> homem, e quer ver o que faz. Esperamos lá<br />

fora.<br />

Müller torna a falar nas botas:<br />

― Ficariam ótimas em mim. Estas ca<strong>no</strong>as velhas só me dão bolhas e mais<br />

bolhas. Você acha que ele dura até amanhã <strong>de</strong>pois do serviço? Se morrer durante<br />

a <strong>no</strong>ite, não veremos mais as botas... Albert volta.<br />

― Que acham? ― indaga.<br />

― Liquidado ― diz Müller, categoricamente.<br />

Voltamos para o acampamento. Penso na carta que terei <strong>de</strong> escrever<br />

amanhã para a mãe <strong>de</strong> Kemmerich. Sinto frio. Gostaria <strong>de</strong> tomar um trago. Müller<br />

arranca grama e mastiga-a. De repente, o peque<strong>no</strong> Kropp joga fora o seu cigarro,<br />

pisa-o como um selvagem; olha ao redor, com o rosto <strong>de</strong>sfeito e transtornado, e<br />

balbucia:<br />

― Maldita merda, esta merda maldita!<br />

Caminhamos durante muito tempo. Kropp se acalmou. Conhecemos esses<br />

acessos, é a loucura da linha <strong>de</strong> frente; todos passam por isso uma vez ou outra.<br />

Müller pergunta:<br />

― O que é que o Kantorek lhe escreveu?<br />

Ele ri:<br />

― Mandou dizer que somos a juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferro.<br />

Rimos os três, irritados. Kropp rompe em xingamentos; já está feliz e<br />

consegue falar à vonta<strong>de</strong>.<br />

É assim que eles pensam; pensam assim os cem mil Kantoreks! “Juventu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ferro.” Juventu<strong>de</strong>? Não temos mais <strong>de</strong> vinte a<strong>no</strong>s. Mas quanto a sermos<br />

jovens? Quanto à mocida<strong>de</strong>? Isto já acabou há muito tempo. Somos uns velhos.

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