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Nada de novo no front(pdf)

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trincheiras inimigas, on<strong>de</strong> todos estavam solidificados nas suas posições, como<br />

que abatidos por um raio? Nos parapeitos, <strong>no</strong>s abrigos on<strong>de</strong> por acaso foram<br />

surpreendidos, ficaram <strong>de</strong> pé ou <strong>de</strong>itados, os homens mortos com os rostos azuis.<br />

― Ah, mamãe, o que se diz por aí são só boatos... ― respondo. ―<br />

Bre<strong>de</strong>rneyer fala por falar. Você não vê? Estou bem-disposto, com saú<strong>de</strong>.<br />

Diante da preocupação <strong>de</strong> minha mãe, reencontro minha calma. Agora, já<br />

consigo andar, falar e respon<strong>de</strong>r, sem medo <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> me apoiar <strong>de</strong> repente na<br />

pare<strong>de</strong>, porque o mundo torna-se mole como borracha, e as veias, secas como<br />

iscas.<br />

Minha mãe quer levantar-se; enquanto isso, vou à cozinha falar com minha<br />

irmã.<br />

― Que tem ela? ― pergunto. Erna encolhe os ombros.<br />

― Está <strong>de</strong> cama já há alguns meses, mas não queria que lhe disséssemos.<br />

Vários médicos vieram examiná-la. Um <strong>de</strong>les disse que certamente é o câncer <strong>de</strong><br />

<strong><strong>no</strong>vo</strong>.<br />

Vou ao <strong>de</strong>stacamento militar para me apresentar. Ando lentamente pelas<br />

ruas. Vez por outra, alguém me cumprimenta. Não paro muito tempo, porque não<br />

estou com a me<strong>no</strong>r vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar.<br />

Quando volto do quartel, uma voz forte me chama. Ainda perdido <strong>no</strong>s meus<br />

pensamentos, viro-me e me vejo diante <strong>de</strong> um major. Dirige-se a mim com<br />

rispi<strong>de</strong>z:<br />

― Não sabe bater continência?<br />

― Queira <strong>de</strong>sculpar, major ― digo, confuso. ― Não o tinha visto.<br />

Grita mais alto ainda:<br />

― Também não sabe falar como <strong>de</strong>ve?<br />

Gostaria <strong>de</strong> dar-lhe uma bofetada, mas controlo-me, pois, do contrário, lá se<br />

vai minha licença; eu me aprumo, na posição <strong>de</strong> sentido, bato os calcanhares, e<br />

digo:<br />

― Não o vi, meu major.<br />

― Então, faça o favor <strong>de</strong> prestar mais atenção ― vocifera. ― Como se<br />

chama?<br />

Dou o meu <strong>no</strong>me.<br />

Seu rosto vermelho, gordo, ainda mostra indignação. ― Qual é o<br />

regimento?<br />

Respondo <strong>de</strong> acordo com o regulamento. Ainda não é o suficiente para ele.<br />

― On<strong>de</strong> se encontra a sua Companhia?<br />

Mas, agora, não agüento mais e digo:<br />

― Entre Langemark e Bixschoote.<br />

― O quê? ― pergunta perplexo.<br />

Explico-lhe que cheguei há uma hora, <strong>de</strong> licença, e suponho que então ele<br />

vá me <strong>de</strong>ixar em paz.

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