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Nada de novo no front(pdf)

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Logo atrás vêm <strong>no</strong>ssos amigos: Tja<strong>de</strong>n, um ferreiro magro, <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa ida<strong>de</strong>,<br />

o maior comilão da companhia. Magro como um espeto, senta-se para comer e<br />

levanta-se gordo como uma rã inchada. Haie Westhus, também da <strong>no</strong>ssa ida<strong>de</strong>,<br />

turfeiro, que facilmente escon<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> broa numa das mãos e ainda<br />

pergunta: “Adivinhe o que tenho nesta mão?”. Detering, um camponês, que não<br />

pensa em outra coisa senão em sua fazenda e em sua mulher; e, finalmente,<br />

Stanislas Katczinsky, o lí<strong>de</strong>r do <strong>no</strong>sso grupo: enérgico, esperto, quarenta a<strong>no</strong>s,<br />

com uma cor terrosa, olhos azuis, ombros caídos e um faro extraordinário para<br />

<strong>de</strong>scobrir perigo, boa comida e lugares seguros. Nosso grupo formava a cabeça da<br />

fila em frente ao cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> gulasch. Ficamos impacientes, porque o cozinheiro<br />

continuava imóvel, esperando ingenuamente que viessem mais companheiros.<br />

Finalmente, Katczinsky gritou:<br />

― Abra logo este negócio, Henrique. Não vê que o feijão já está cozido?<br />

So<strong>no</strong>lento, o cozinheiro sacudiu a cabeça:<br />

― Só quando estiverem todos aí.<br />

Tja<strong>de</strong>n sorriu:<br />

― Já estamos todos aqui.<br />

O cabo ainda não percebera nada.<br />

― Sei que é disto que gostariam. On<strong>de</strong> estão os outros?<br />

― Hoje não é você quem vai tratar <strong>de</strong>les. Po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar tudo por conta do<br />

hospital e do coveiro.<br />

O cozinheiro ficou aturdido quando compreen<strong>de</strong>u o que ocorrera e chegou<br />

a per<strong>de</strong>r o equilíbrio por um instante.<br />

― E eu que cozinhei para cento e cinqüenta homens!...<br />

Kropp <strong>de</strong>u-lhe uma cotovelada.<br />

― Então, até que enfim vamos <strong>no</strong>s satisfazer. Vamos, an<strong>de</strong> logo!<br />

Mas, <strong>de</strong> repente, a luz da compreensão acen<strong>de</strong>u-se em Tja<strong>de</strong>n. Seu rosto<br />

afilado <strong>de</strong> camundongo começou a iluminar-se, os olhos estreitaram-se<br />

maliciosamente, as bochechas tremeram e ele aproximou-se o mais que pô<strong>de</strong>:<br />

― Mas nesse caso... também recebeu pão para cento e cinqüenta homens,<br />

não é?<br />

O cabo, confuso e ainda tonto, concordou com a cabeça. Tja<strong>de</strong>n segurou-o<br />

pela túnica:<br />

― E lingüiça também?<br />

O Cabeça <strong>de</strong> Tomate assentiu <strong>no</strong>vamente. O queixo <strong>de</strong> Tja<strong>de</strong>n tremia: ―<br />

Fumo... Também?<br />

― Sim, tudo.<br />

Extasiado, Tja<strong>de</strong>n olhou em redor:<br />

― Puxa! Isto é que se chama sorte! Quer dizer que é tudo para nós! Cada<br />

um recebe, então... espere... <strong>de</strong> fato, são exatamente porções dobradas!<br />

Mas o Cabeça <strong>de</strong> Tomate voltou a si e <strong>de</strong>clarou: ― Não po<strong>de</strong> ser.<br />

Então, nós também <strong>de</strong>spertamos e aproximamo-<strong>no</strong>s: ― E por que não po<strong>de</strong>

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