13.04.2013 Views

Nada de novo no front(pdf)

Nada de novo no front(pdf)

Nada de novo no front(pdf)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A ferida começa a sangrar muito. Kat não po<strong>de</strong> ficar só, enquanto vou<br />

provi<strong>de</strong>nciar uma maca. Além disso, nem sei on<strong>de</strong> há macas nas imediações.<br />

Kat não é muito pesado, por isso, pego-o nas minhas costas e vou com ele<br />

procurar o Posto <strong>de</strong> Primeiros Socorros.<br />

Paramos duas vezes para <strong>de</strong>scansar. Ele sente dores violentas por causa do<br />

transporte. Não falamos muito. Abro o colarinho da túnica e respiro com força,<br />

estou suando e sinto o rosto inchado pelo esforço <strong>de</strong> carregá-lo. No entanto,<br />

insisto em continuar, pois o terre<strong>no</strong> é perigoso.<br />

― Vamos embora, Kat.<br />

― Não há outro jeito, Paul?<br />

― Não.<br />

― Então, vamos!<br />

Levanto-o, ele se apóia na perna sadia e encosta-se numa árvore. Pego<br />

cuidadosamente na perna ferida, ele dá um salto, e eu prendo com meu braço a<br />

perna ilesa.<br />

Nosso caminho fica mais pe<strong>no</strong>so. Às vezes, ouvimos o assobio <strong>de</strong> uma<br />

granada. Ando tão <strong>de</strong>pressa quanto possível, pois o sangue da ferida <strong>de</strong> Kat pinga<br />

<strong>no</strong> chão. Mal <strong>no</strong>s protegemos das granadas, pois, antes <strong>de</strong> conseguirmos achar<br />

cobertura, já passaram. Para <strong>de</strong>scansar, <strong>de</strong>itamo-<strong>no</strong>s numa pequena cratera. Dou a<br />

Kat um pouco <strong>de</strong> chá do meu cantil. Fumamos um cigarro.<br />

― É, Kat ― digo, melancólico -, agora vamos mesmo <strong>no</strong>s separar.<br />

Ele se cala e me olha.<br />

― Lembra-se, Kat, <strong>de</strong> como “requisitamos” o ganso? Lembra-se <strong>de</strong> como<br />

você me salvou da morte, quando eu ainda era um recruta e fui ferido pela<br />

primeira vez? Naquela época, eu ainda chorava. Kat, já faz quase três a<strong>no</strong>s!<br />

Faz um sinal afirmativo com a cabeça.<br />

Começo a sentir medo da solidão. Se levarem Kat, vou ficar aqui sozinho,<br />

sem um amigo.<br />

― Kat, temos <strong>de</strong> <strong>no</strong>s rever, <strong>de</strong> qualquer maneira, se a paz vier antes <strong>de</strong><br />

você voltar.<br />

― Você acredita que com a perna neste estado ficarei em condições <strong>de</strong><br />

voltar à frente? ― pergunta, amargurado.<br />

― Vai ficar bom, com o repouso. A articulação está em or<strong>de</strong>m. Talvez tudo<br />

corra bem.<br />

― ... mais um cigarro ― diz ele.<br />

― Quem sabe... talvez possamos trabalhar juntos <strong>de</strong>pois, Kat...<br />

Sinto-me tão triste; é impossível que Kat... o meu amigo Kat, dos ombros<br />

caídos e bigo<strong>de</strong> fi<strong>no</strong>, o Kat que conheço melhor do que ninguém, o Kat com quem<br />

compartilhei esses últimos a<strong>no</strong>s... é impossível que não torne a vê-lo.<br />

― Em todo caso, dê-me o seu en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong> casa, Kat. E aqui está o meu,<br />

vou escrevê-lo para você.<br />

Meto o papel <strong>no</strong> bolso. Como me sinto já abandonado, embora ele ainda

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!