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Nada de novo no front(pdf)

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tudo que <strong>no</strong>s acontece <strong>no</strong> campo <strong>de</strong> batalha fosse muito claro para nós?<br />

Assim, limito-me a contar-lhe algumas coisas divertidas. Mas ele me<br />

pergunta se eu já participei <strong>de</strong> algum combate corpo a corpo. Digo que não e<br />

levanto-me para sair.<br />

Não posso felicitar-me por essa <strong>de</strong>cisão. Depois <strong>de</strong> me assustar algumas<br />

vezes na rua, porque o guinchar dos bon<strong>de</strong>s parece-se com o das granadas,<br />

alguém me bate <strong>no</strong> ombro. É meu professor <strong>de</strong> alemão, que me criva com as<br />

mesmas perguntas <strong>de</strong> sempre:<br />

― Então, como é que vão as coisas lá fora? Terrível, terrível, não é? É, é<br />

horroroso, mas temos <strong>de</strong> agüentar, não é? E, afinal, pelo que me contam, lá vocês<br />

têm boa comida, pelo me<strong>no</strong>s. E, Paul, você está muito bem, forte. Aqui,<br />

naturalmente, é pior, muito pior, evi<strong>de</strong>ntemente, mas enten<strong>de</strong>se: sempre o melhor<br />

para os <strong>no</strong>ssos soldados!<br />

Ele me arrasta até a sua mesa habitual, on<strong>de</strong> estão muitos outros. Sou<br />

festivamente recebido, um diretor <strong>de</strong> qualquer coisa aperta-me a mão e diz:<br />

― Quer dizer que está voltando do, <strong>front</strong>? Como anda o moral da tropa?<br />

Excelente, excelente, não é?<br />

Explico que todos querem vir para casa.<br />

Ele ri fragorosamente.<br />

― Acredito! Mas primeiro vocês precisam dar uma boa lição <strong>no</strong>s<br />

franceses! Fuma? Aqui, tome um <strong>de</strong>stes. Garçom, traga uma cervejinha para o<br />

<strong>no</strong>sso jovem guerreiro.<br />

Infelizmente aceitei o charuto e, por isto, sou obrigado a ficar. Todos<br />

<strong>de</strong>rramam amabilida<strong>de</strong>s; nada posso fazer. Mesmo assim, fico irritado. Para<br />

<strong>de</strong>monstrar um mínimo <strong>de</strong> reconhecimento, entor<strong>no</strong> o copo <strong>de</strong> cerveja <strong>de</strong> um só<br />

trago. Imediatamente, pe<strong>de</strong>m um segundo copo para mim; as pessoas sabem o<br />

quanto <strong>de</strong>vem a um soldado. Discutem sobre os territórios que <strong>de</strong>vemos anexar. O<br />

diretor com o relógio <strong>de</strong> corrente dourada quer pelo me<strong>no</strong>s toda a Bélgica, as<br />

regiões carboníferas da França e gran<strong>de</strong>s áreas da Rússia.<br />

Dá razões precisas pelas quais temos <strong>de</strong> conquistar tudo isso e mantém-se<br />

inflexível, até que os outros finalmente ce<strong>de</strong>m aos seus argumentos. Em seguida,<br />

começa a explicar on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser aberta a brecha nas linhas francesas e volta-se<br />

para mim:<br />

― Agora, acabem com esta eterna guerra <strong>de</strong> trincheiras. Dêem-lhes uma<br />

lição e logo teremos paz.<br />

Respondo que, na minha opinião, é impossível romper as linhas inimigas,<br />

porque dispõem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s reservas. Além disto, a guerra é muito diferente do<br />

que se pensa.<br />

El<strong>de</strong> rejeita essa idéia, com superiorida<strong>de</strong>, e me informa que não entendo<br />

nada <strong>de</strong>sse assunto.<br />

― É claro que tem razão quanto aos <strong>de</strong>talhes ― diz ele. ― Mas o<br />

importante é o conjunto, e este o senhor não está em condições <strong>de</strong> julgar. Vê

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