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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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Escritos Militantes<br />

% Orçamento Federal<br />

Investido no MinC<br />

0,55<br />

0,5<br />

0,45<br />

0,4<br />

0,35<br />

0,3<br />

cultura: trata-se de quantifi cações numéricas, de<br />

levantamentos orçamentários que não levam, per se,<br />

em conta as especifi cidades da esfera cultural. São,<br />

no entanto, fundamentais se quisermos apreender as<br />

determinações da política cultural brasileira, recente<br />

em seus diversos aspectos21 .<br />

4. “Democratização” da cultura no<br />

governo Lula: a política cultural<br />

como política social<br />

O exposto até aqui já aponta para uma mudança<br />

digna de nota promovida pelo governo Lula,<br />

ao longo dos seus dois mandatos, no campo do<br />

fi nanciamento às políticas culturais – mudança<br />

esta, aliás, alardeada pelos defensores do governo,<br />

historicamente vinculados ao campo da esquerda,<br />

como indicativa de uma suposta “grande virada”<br />

operada pelo governo na área. Ocupemo-nos a partir<br />

de agora, entretanto, com a novidade que mais chama<br />

a atenção no tratamento da cultura por este governo:<br />

seu reposicionamento, de fi m em si mesma a meio<br />

para a operação de políticas sociais.<br />

Será necessário, neste ponto, rápido excurso<br />

pelo terreno das políticas sociais, indispensável no<br />

sentido de possibilitar a localização política correta<br />

do fenômeno em exposição, após o que abordaremos<br />

brevemente uma ação fi nalística que expressa o<br />

reposicionamento referido no parágrafo anterior – o<br />

Programa Cultura Viva –, relacionando-a aos marcos<br />

mais gerais de reformatação das políticas sociais em<br />

tempos de capitalismo tardio22 .<br />

10 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE<br />

Relação entre Orçamento do MinC e Receita de Impostos Federais<br />

0,36 0,35<br />

0,37<br />

0,44<br />

0,42<br />

0,49<br />

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

% de Recursos do Governo Investidos no MinC<br />

FONTE: Ministério da Cultura, a partir das Leis Orçamentárias Anuais (LOAs)<br />

0,52<br />

4.1. Políticas sociais em tempos de ajuste<br />

estrutural<br />

O processo de ajuste estrutural 23 vigorou, a partir<br />

dos anos 80, em grande parte do mundo, desbordando<br />

fronteiras entre países centrais e periféricos e tendo<br />

sido aplicado em muitos dos enquadrados nas<br />

duas categorias24 – processo este que se expressa no<br />

que BEHRING (2008) nomeou a contrarreforma<br />

neoliberal do Estado.<br />

Está fartamente fundamentada a hipótese de que<br />

as pressões em direção à reformatação do Estado<br />

capitalista em moldes neoliberais estão articuladas a<br />

uma reação burguesa à crise estrutural do capital que<br />

se inicia nos anos 197025 . O pensamento neoliberal<br />

ganhou força quando se tornou necessário – em vista<br />

da referida crise e da consequente queda das taxas<br />

de lucro do capital tomado globalmente26 –, não<br />

para explicar a crise ou fornecer elementos para sua<br />

superação no interesse de todos, mas para fornecer à<br />

saída capitalista para a crise uma base programática<br />

sólida27 .<br />

E em que consiste esta saída capitalista para a<br />

crise? Como não será possível, nos limites do presente<br />

artigo, desenvolver este tema com os devidos cuidados<br />

e minúcia28 , serei direto: trata-se da recuperação<br />

das taxas de lucro anteriores à crise através de um<br />

“roubo, [de um] assalto ao fundo público, fi nanciado<br />

pela dívida interna e pelo uso dos instrumentos<br />

mais poderosos da centralização de capitais [como,<br />

por exemplo, no caso brasileiro, o BNDES]” 29 .<br />

Isto se desdobra em um “assalto às experiências de<br />

Welfare” 30 e às políticas sociais a elas relacionadas, nos

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