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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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do próprio Movimento, para melhor se constituir<br />

uma proposta.<br />

Então, qual educação propiciaria uma profunda<br />

revolução na vida material e subjetiva desses sujeitos,<br />

na qual a escolha do caminho para o sustento da vida<br />

no hoje indicasse a superação da divisão do trabalho<br />

a as diversas formas existentes de ‘trabalho’ 8 na<br />

realidade do MTD?<br />

As pesquisas apontam que frente à<br />

realidade e às condições materiais de vida dos<br />

desempregados do MTD, está a exigência da<br />

omnilateralidade como proposta de formação/<br />

qualificação humana, também articulada com o<br />

projeto de sociedade, a luta por políticas públicas<br />

e a organização social. A proposta de educação<br />

que tenha na sua centralidade “um desenvolvimento<br />

total, completo, multilateral, em todos os sentidos, das<br />

faculdades e das forças produtivas, das necessidades<br />

e da capacidade da sua satisfação”. (MANACORDA,<br />

2010, p. 94)<br />

Segundo Manacorda:<br />

A onilateralidade é, portanto, a chegada<br />

histórica do homem a uma totalidade de<br />

capacidades produtivas e, ao mesmo tempo, a<br />

uma totalidade de capacidades de consumo e<br />

prazeres, em que se deve considerar, sobretudo,<br />

o gozo daqueles bens espirituais, além dos<br />

materiais, e dos quais o trabalhador tem estado<br />

excluído em consequência da divisão do<br />

trabalho (2010, p. 96).<br />

É, certamente, oportuno observar que a exigência<br />

do MTD é por esta educação, a educação que forma<br />

a totalidade humana. Como explica Manacorda<br />

(2010, p. 97) “trata-se do tipo de homem onilateral<br />

que Marx propõe, superior ao homem existente [...]<br />

por meio da unidade de trabalho e ensino”.<br />

O “empreendedorismo”, o “trabalho voluntário”,<br />

o “trabalho informal”, e os “bicos” são formas que,<br />

segundo Mészáros (2009, p. 13), oscilam entre a<br />

superexploração e a própria autoexploração do<br />

trabalho, e são experiências de trabalho que colocam<br />

os desempregados do MTD sempre em direção a<br />

uma precarização estrutural da força de trabalho.<br />

Essas experiências constituíram um processo<br />

de desumanização das pessoas, que acabam por<br />

buscar, no Movimento, formas de humanização,<br />

através da luta por políticas públicas de educação/<br />

escola, saúde/posto de saúde e trabalho/pontos<br />

populares de trabalho, de qualidade. Os<br />

trabalhadores desempregados, mesmo que com<br />

todas as dificuldades, sabem que o MTD é uma<br />

ferramenta de luta, e que é só através dela que se<br />

chegam às conquistas, entendem também, ainda<br />

que intuitivamente, que é só pela organização que<br />

superarão a condição de ‘demitidos da vida’.<br />

Conclusões e indicativos<br />

O estudo realizado permite, de imediato, duas<br />

conclusões: a primeira é a de que as possibilidades<br />

de reversão das condições de produção e reprodução<br />

da vida dos trabalhadores desempregados do MTD<br />

é extremamente difícil, sob o sistema do capital; e a<br />

segunda, que é um contrassenso se falar em perda da<br />

centralidade do trabalho na atualidade, ainda que em<br />

seu sentido histórico.<br />

Percebe-se que a educação politécnica necessária,<br />

afirmada como conhecimento do processo do<br />

Desafios para o Movimento dos Trabalhadores Desempregados<br />

ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 55

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