16.04.2013 Views

Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

intenção de neutralizar a sociedade civil, retirando<br />

dela os conflitos existentes em torno de projetos de<br />

sociedade antagônicos. Apesar do franco processo<br />

de precarização e privatização dos direitos sociais,<br />

do enxugamento do papel do Estado na economia e<br />

dos ataques aos trabalhadores, FHC não conseguiu<br />

dar conta de realizar a contrarreforma universitária<br />

formulada pelo Banco Mundial para os países da<br />

América Latina, devido ao fato de enfrentar um<br />

movimento docente e estudantil capaz de, através<br />

do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e<br />

da Frente de Lutas contra a Reforma Universitária,<br />

barrar tais ataques.<br />

Porém, tal ação não ocorreu a partir do ano de<br />

2002 com a entrada de Lula da Silva na presidência. O<br />

governo do PT, partido construído a partir das lutas<br />

operárias e populares contra a ditadura militar e o<br />

regime de sociedade burguês, que representava uma<br />

alternativa aos trabalhadores, longe de representar<br />

um marco de rompimento com o projeto neoliberal<br />

de FHC, deu continuidade a este projeto e conseguiu<br />

aprovar de forma fragmentada, mas articulada entre<br />

si a contrarreforma universitária que se coloca em<br />

curso no Brasil hoje.<br />

Essa contrarreforma segue à risca os ditames do<br />

BM para a Educação Superior na América Latina,<br />

que se organiza em quatro eixos fundamentais: a)<br />

diferenciação das instituições em níveis terciários<br />

e pós-secundários; b) a diversificação das formas<br />

de financiamento das instituições públicas; c)<br />

a redefinição da função do governo no ensino<br />

superior e; d) a adoção de políticas de melhoria da<br />

qualidade e equidade. Estas diretrizes serão<br />

afirmadas no documento “Reafirmando Princípios<br />

e Diretrizes para a Reforma do Ensino Superior no<br />

Brasil” (2003) e acabará por atacar a <strong>Universidade</strong><br />

Pública no que diz respeito à sua Autonomia, sua<br />

forma de Financiamento, seu modelo de Avaliação,<br />

sua concepção de Formação e Função Social<br />

frente à realidade.<br />

Isso se manifestará na isenção de financiamento<br />

público da educação pública através da aprovação<br />

da Lei de Inovação Tecnológica (LIT) que institui<br />

as Parcerias Público-Privadas (PPP) de empresas<br />

com as universidades e que irão determinar a<br />

lógica de produção do conhecimento voltado para<br />

as demandas do mercado de trabalho, interferindo<br />

diretamente na autonomia da universidade frente<br />

à produção do conhecimento. Além disso, com<br />

a política do Programa <strong>Universidade</strong> para Todos<br />

(PROUNI) teremos o rebaixamento da educação<br />

pública em detrimento da educação privada, a qual<br />

fará com que o governo deixe de criar em até três<br />

vezes as vagas nas universidades públicas, para cada<br />

vaga aberta via PROUNI, já que as universidades<br />

privadas que aderem ao Programa adquirem<br />

isenção fiscal, passando apenas a possibilitar o<br />

maior financiamento através do FIES, colocando<br />

mais uma vez o Estado a serviço dos empresários<br />

da educação, ao incentivar a educação privada, e<br />

não da necessidade de universalização do ensino<br />

superior público. Este é o nítido exemplo de que<br />

educação é mercadoria para o governo do PT e para<br />

o grande capital.<br />

Também, perceberemos a lógica de precarização<br />

do setor público, do qual o REUNI torna-se o carrochefe<br />

de toda a política que vem sendo implementada,<br />

sob a consigna de democratizar o acesso ao<br />

ensino superior, bandeira histórica do movimento<br />

estudantil e docente, que o governo de Luis Inácio<br />

Lula da Silva aprovou no ano de 2007, de baixo<br />

de forte repressão policial frente às mobilizações<br />

estudantis e de professores nas ocupações de reitoria.<br />

A luta pelos 10% do PIB<br />

ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 163

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!