Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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formação, apresenta a Licenciatura Ampliada como<br />
proposta de formação superadora para os cursos de<br />
formação de professores em Educação Física.<br />
A campanha, além de questionar a fragmentação<br />
da formação em Licenciatura e Bacharelado, da qual<br />
se compreende como processo de desqualificação do<br />
trabalho no âmbito do processo formativo, possibilita<br />
questionarmos a organização do conhecimento,<br />
pautado por uma perspectiva histórica e sob bases<br />
idealistas, positivistas e pós-modernas, demonstrando<br />
que está colocada para a nossa formação a tendência<br />
bancomundialista de formação para uma sociedade<br />
do consenso que nega a existência da luta de classes<br />
e que forma os trabalhadores, e especificamente os<br />
professores de Educação Física, a partir da pedagogia<br />
das competências. Tal proposta, encontrada na<br />
concepção de educação da atual Lei de Diretrizes e<br />
Bases da Educação Nacional (LDBEN) e do Plano<br />
Nacional da Educação, visa formar trabalhadores<br />
que estejam preparados para a desregulamentação<br />
do trabalho e a flexibilidade das relações trabalhistas,<br />
além de adequados à lógica da empregabilidade<br />
e adaptabilidade às diversas formas de emprego e<br />
subemprego e fazendo com que além de obterem o<br />
mínimo de formação que o mercado exige, também<br />
não contestem o atual estado das coisas.<br />
A Licenciatura Ampliada é uma proposta<br />
construída ao longo de 30 anos pelo MEEF, a partir<br />
de debates coletivos em Encontros Nacionais e<br />
Regionais, Conselhos Nacionais e Regionais de<br />
Estudantes de Educação Física e outros fóruns<br />
e espaços coletivos. O MEEF sempre debateu a<br />
formação de professores e a educação como um<br />
todo, criticando a lógica da formação apenas para<br />
o mercado de trabalho, a qual, com o passar do<br />
tempo e acirramento das políticas neoliberais para a<br />
educação, e não diferente para a Educação Física, se<br />
manifesta a partir da implementação das Diretrizes<br />
Curriculares Nacionais (DCN).<br />
As DCN da Educação Física durante seu processo<br />
de formulação já demonstraram a quem serviriam,<br />
pois foram construídas a partir da lógica do consenso<br />
possível entre todas as partes envolvidas. Não é à<br />
toa que a ExNEEF se retirou dessa construção, por<br />
compreender que nenhum consenso seria possível,<br />
visto que o MEEF e os setores envolvidos (CONFEF2 ,<br />
CBCE3 , MEC) defendiam posições antagônicas.<br />
As Diretrizes da Educação Física são pautadas na<br />
lógica da formação a partir do desenvolvimento de<br />
competências, e tratam o objeto da Educação Física<br />
como o movimento humano, perspectiva essa que é<br />
ausente de historicidade e criticidade.<br />
A proposta defendida pelo MEEF, a Licenciatura<br />
Ampliada, tem como preceito a necessidade de<br />
superação do modo capitalista de produzir a vida,<br />
logo, tem como perspectiva a construção de um<br />
projeto histórico socialista como única forma<br />
de desenvolvimento real e integral das múltiplas<br />
dimensões humanas. Dentro desta perspectiva,<br />
defendemos uma formação humana omnilateral,<br />
por compreender que os seres humanos têm<br />
naturalmente condições de desenvolver múltiplas<br />
dimensões que os constituem parte da humanidade<br />
(cultural, técnica, política, científica etc.), e que nesse<br />
momento histórico a humanidade organizada no<br />
modo de produção capitalista encontra um limite<br />
para desenvolver essas múltiplas dimensões.<br />
Ao romper com a UNE, o MEEF aponta a necessidade<br />
de reorganização do movimento estudantil pela base,<br />
garantindo a articulação entre outras executivas<br />
através do FENEX, mesmo com todos os seus limites, e,<br />
apontando a necessidade de construção de uma nova<br />
entidade nacional, capaz de reorganizar as lutas. Por<br />
isso, entendemos a importância de travar o debate da<br />
reorganização do movimento estudantil em toda luta que<br />
travamos.<br />
Limite que é imposto pelo sistema capitalista, pois<br />
se organiza sob a propriedade privada dos meios de<br />
produção, em que a grande maioria da humanidade<br />
vende sua força de trabalho para garantir sua<br />
sobrevivência, enquanto uma minoria detém os<br />
meios de produção e sobrevive a partir da exploração<br />
do trabalho alheio. Por isso, que defendemos a<br />
licenciatura ampliada como proposta de formação<br />
que tem de estar alinhada e indissociada da defesa de<br />
um projeto histórico socialista.<br />
A luta pelos 10% do PIB<br />
ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 165