Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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no setor público, com vistas à privatização desse<br />
direito básico social.<br />
A bandeira dos 10% do PIB para a Educação<br />
Pública Já! permitiu a esses setores que encampam<br />
a campanha visualizar dois movimentos no que diz<br />
respeito a atual conjuntura, para dentro e para fora:<br />
por um lado, no que diz respeito à educação e aos<br />
cortes por parte do governo, devido ao descaso na<br />
educação, dialogando assim com o conjunto da<br />
sociedade; e por outro, uma bandeira unitária no que<br />
diz respeito à fragmentação da esquerda – não sendo<br />
uma pauta que vá alterar na essência os problemas<br />
sociais ou mesmo da própria educação, entendendo<br />
que este modelo educacional está contido na raiz do<br />
sistema capitalista.<br />
Em 2011, entrou em vigor a votação da atualização<br />
da Desvinculação da Receita da União (DRU), que<br />
retira parte das arrecadações do PIB destinada às<br />
áreas sociais para investimentos, conforme “melhor<br />
avaliação” da União. Ou seja, onde melhor beneficiar<br />
a burguesia. Acreditamos que a pauta dos 10%<br />
do PIB para a Educação Pública Já! poderia ter<br />
aproveitado essa discussão e questionado a votação<br />
da mesma, pois a educação está contida nesta<br />
medida, e não descolada. Além disso, a incorporação<br />
desta reivindicação possibilitaria maior unidade<br />
entre os trabalhadores das áreas sociais e que, devido<br />
aos cortes no orçamento, são diretamente atingidos,<br />
não somente pela questão salarial, mas de estrutura<br />
e serviço à sociedade, tais como saúde, habitação,<br />
saneamento básico etc.<br />
A União Nacional dos Estudantes (UNE), que<br />
tem cumprido o papel de acalmar as lutas estudantis,<br />
agitou a bandeira dos 10% do PIB para a Educação<br />
como forma de confundir os estudantes sobre o<br />
destino da verba ser para a educação pública e privada,<br />
como tem pautado a majoritária da entidade, e não<br />
para a educação pública imediatamente. A mesma<br />
compreende a bandeira como necessidade para<br />
daqui a 20 anos, e sendo investida na área privada, ou<br />
então na consolidação dos projetos governistas, que<br />
visam dar cabo à mercantilização do ensino –, como<br />
temos vivenciado a última Reforma Universitária<br />
implementada, que tem aguçado a precarização do<br />
ensino no país.<br />
A campanha possibilitou visualizar a necessidade<br />
de um debate sobre a concepção da educação que<br />
temos, e a educação que queremos – a qual dentro<br />
do sistema capitalista não será possível. Embora a<br />
mesma tenha como pilares tais discussões, é preciso<br />
que continuemos acumular profundamente sobre a<br />
quem a educação serve hoje no país. Acreditamos que<br />
o primeiro passo já foi dado, com a materialização da<br />
campanha e o plebiscito popular decorrido dela. Neste<br />
sentido, apontamos para um fórum de mobilização<br />
permanente, em que os estudantes e trabalhadores<br />
da educação possam melhor se apropriar deste eixo.<br />
Um fórum como polo aglutinador de lutadores na<br />
educação, que permita a discussão profunda das<br />
contradições na sociedade, se estendendo para<br />
fora da universidade, fortalecendo as lutas para<br />
enfrentamentos à burguesia e ao governo.<br />
A pauta possibilitou ampla intervenção no<br />
movimento estudantil, no diálogo com os estudantes,<br />
e esticando para a sociedade com o plebiscito popular.<br />
No Rio Grande do Sul, por exemplo, possibilitou<br />
abrir diálogo em universidades como a PUCRS, em<br />
que esta discussão não existia anteriormente.<br />
A conjuntura de fragmentação da esquerda de oposição<br />
ao governo atual tem feito com que muitas medidas<br />
tenham passado sem uma resistência que faça a ligação<br />
a que setor tal governo está atrelado.<br />
A campanha foi importante para unir os<br />
trabalhadores e estudantes que são oposição ao<br />
governo petista. A conjuntura de fragmentação da<br />
esquerda de oposição ao governo atual tem feito<br />
com que muitas medidas tenham passado sem<br />
uma resistência que faça a ligação a que setor tal<br />
governo está atrelado. Neste sentido, é importante<br />
a unidade de ação nas lutas, mas que as bandeiras<br />
levantadas não tenham fim em si próprias,<br />
visualizando uma articulação contundente entre<br />
estudantes e trabalhadores, no enfrentamento aos<br />
ataques do capitalismo. A pauta dos 10% do PIB<br />
para a Educação Pública Já! deve ter como central<br />
a contínua articulação dos setores que construíram<br />
o plebiscito, possibilitando a criação de um fórum<br />
permanente de lutas e debates sobre a educação e a<br />
sociedade capitalista, compreendendo seus limites e<br />
possibilidades de avanços.<br />
Por um fórum de mobilização permanente<br />
ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 171