Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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Debate Contemporâneo<br />
em uma série de projetos (PROUNI, PRONATEC,<br />
FIES, Ensino a Distância, ENADE) orquestra uma<br />
expansão que beneficia diretamente o setor privado<br />
da educação, brindando-lhes isenções fiscais, e<br />
tornando-o um dos mais lucrativos setores do país.<br />
Só a resistência de<br />
estudantes, professores e<br />
funcionários pode defender<br />
a universidade pública<br />
Das lutas estudantis do último período, uma série<br />
de conquistas foram garantidas. Seja no aumento<br />
das políticas de assistência estudantil, como reajuste<br />
e ampliação das bolsas na UFSC, construção e<br />
ampliação de restaurante universitário na UFMS<br />
e demais universidades, ampliação de vagas nas<br />
moradias como conquistou a UFPR, vagas para<br />
estudantes-mães nas creches universitárias como<br />
se deu na luta da UFRJ, além da contratação de<br />
professores, reformas estruturais e finalização das<br />
obras, e uma série de outros exemplos que poderiam<br />
ser citados. Tudo, porém, ameaçado pela continuidade<br />
de uma expansão que não aumenta o investimento.<br />
O decreto do REUNI afirmava que as universidades<br />
receberiam por 5 anos “até 20% de seus orçamentos”<br />
para realizar as transformações que propunha. Agora,<br />
passado esse tempo, a que sorte ficarão?<br />
Através do novo PNE, o governo Dilma está<br />
propondo que outros níveis de ensino acompanhem<br />
o modelo de implementação do REUNI já avançado<br />
nas federais. E faz isso prevendo ainda o absurdo da<br />
transferência de verbas públicas para beneficiar as<br />
instituições privadas. Para ser coerente, o mínimo que<br />
deveria fazer é garantir uma ampliação considerável<br />
do investimento em educação, porém sua proposta<br />
de PNE passa longe disso. Na meta 20 do novo PNE,<br />
o governo federal reafirma o patamar de 7% do PIB<br />
investido em educação, a ser atingido apenas em<br />
158 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE<br />
2012. O mesmo índice aprovado pelo antigo PNE<br />
há 10 anos, que o então presidente da República<br />
Fernando Henrique vetou e que Lula manteve o veto.<br />
Dessa forma, não há saída para a defesa da<br />
universidade pública, de sua gratuidade e qualidade,<br />
senão a resistência e luta sistemática daqueles que,<br />
por décadas, defendem a educação: o movimento<br />
de professores, estudantes e funcionários. Em cada<br />
mobilização local, e estas articuladas nacionalmente,<br />
deve ser feita a defesa de uma expansão com 10%<br />
do PIB para a educação. Assim como os últimos 5<br />
anos, os próximos 10 marcados pela implementação<br />
do novo PNE serão de um cabo de guerra entre o<br />
movimento social independente e o governo federal<br />
e seus fiéis aliados tubarões do ensino.<br />
É preciso articular as forças de luta em campanhas<br />
nacionais e iniciativas concretas. A exemplo da<br />
campanha em defesa de 10% do PIB para a educação<br />
pública já, que contou com a realização de um<br />
Plebiscito Popular, com mais de 400 mil votos, a<br />
unidade deve prevalecer entre aqueles que estão<br />
dispostos a ir até o fim nesta resistência, lutando<br />
com muita unidade e independência política. O<br />
comitê nacional, que contou com a participação<br />
ativa do ANDES, ANEL, CSP Conlutas, SINASEFE,<br />
MTST e outras entidades, foi fundamental para<br />
organizar iniciativas que dessem corpo à campanha.<br />
Infelizmente, constatamos ao longo desse processo<br />
que as entidades e movimentos tradicionais que<br />
levantaram essa bandeira na história de nosso país<br />
passaram a uma defesa vazia de conteúdo e de apoio<br />
ao governo federal. UNE, CUT, CNTE, ao mesmo<br />
tempo que declaravam-se favoráveis ao novo PNE,<br />
realizaram ações midiáticas e superestruturais para<br />
exigir a mudança na meta 20 do projeto dos 7% para<br />
10%. Fizeram isso sem nenhum questionamento<br />
sobre a necessidade desse contingente ser voltado<br />
apenas ao ensino público, e não para favorecer as<br />
instituições privadas, e que essa necessidade não era<br />
imediata, mas que poderia ser garantido só daqui<br />
a 10 anos, em 2020. Prova disso é que ficaram de<br />
fora da organização da Jornada de Lutas de agosto<br />
e a Marcha em Brasília ou do Plebiscito Popular<br />
realizado em novembro do ano passado. Isso só<br />
reforça a importância de entidades