Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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Estas discussões culminaram com a criação<br />
do Fórum de Saúde do Trabalhador da UFPR,<br />
envolvendo formalmente a APUFPR (Diretoria<br />
e Assessoria Psicológica), o SINDITEST e a<br />
PROGEPE/UFPR7 . Participam também do Fórum<br />
docentes do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva<br />
(NESC), laboratório vinculado ao Setor de Saúde da<br />
UFPR, cujos integrantes são docentes que militam<br />
junto à APUFPR. A concepção inicial do Fórum<br />
foi compreender os casos, estabelecer discussões<br />
referentes aos mesmos e promover as intervenções<br />
necessárias para sua resolução. Evidentemente, não<br />
possuindo caráter oficial, este espaço limita-se à troca<br />
de ideias e experiências e a deliberações consensuais.<br />
Ele sofre também com possíveis mudanças de direção<br />
política nos sindicatos e com a resistência na troca<br />
de informações por parte de servidores com cargo<br />
de confiança na instituição. De qualquer maneira, os<br />
debates do Fórum permitiram tomar conhecimento<br />
de componentes do processo administrativo,<br />
associados à saúde do servidor, como, por exemplo,<br />
as poucas estatísticas oficiais de adoecimento, as<br />
diferenças de comportamento entre docentes e<br />
técnico-administrativos com relação à notificação<br />
de afastamento por adoecimento e de acidente de<br />
trabalho, os procedimentos administrativos a serem<br />
seguidos pelos servidores adoecidos, as dificuldades<br />
internas na UFPR para notificar e proteger caso de<br />
assédio moral, as restrições normativas que, muitas<br />
vezes, dificultam ou impedem que os profissionais da<br />
área de saúde atuem conforme sua avaliação clínica,<br />
a ausência do termo assédio moral no código de<br />
conduta do servidor público federal, repercutindo em<br />
dificuldades com a comissão de ética da Instituição.<br />
A importância do Fórum para as entidades<br />
sindicais está no estabelecimento de um espaço de<br />
troca de experiências e de discussão com o corpo<br />
técnico da <strong>Universidade</strong>, que atua nas questões<br />
de saúde. Por outro lado, esse mesmo corpo<br />
técnico, através do Fórum, tem a oportunidade de<br />
legitimar suas ações e apresentar os limites que a<br />
normatização legal impõe ao seu trabalho, que muitas<br />
vezes é por eles criticada. Neste sentido, as ações do<br />
Fórum, alavancadas pelas entidades sindicais, podem<br />
modificar situações e normativas que o corpo técnico<br />
teria poucas possibilidades de fazê-lo.<br />
3.1.2 Assessoria psicológica da APUFPR<br />
As atividades do Fórum permitiram dar início a<br />
uma discussão no nível da dimensão institucional;<br />
no entanto, também revelou a necessidade e<br />
a possibilidade de lançar um olhar para cada<br />
caso em particular. Esta escuta individual não<br />
somente permitiria encaminhamentos específicos<br />
a cada trabalhador, mas também possibilitaria<br />
o conhecimento aprofundado das experiências<br />
descritas, assim como a análise posterior das<br />
semelhanças entre as situações relatadas, de modo a<br />
estudar a dinâmica de funcionamento da instituição<br />
e sua possível relação com os adoecimentos.<br />
Tendo tal compreensão e havendo tais<br />
especificidades do trabalho a ser realizado, decidiuse<br />
pela Psicologia do Trabalho, que poderia colaborar<br />
na execução deste propósito. A inserção da Psicologia<br />
deu-se através da elaboração de um diagnóstico<br />
institucional8 da APUFPR, tendo como uma das<br />
propostas conhecer o contexto e as condições de<br />
As atividades do Fórum permitiram dar início a uma<br />
discussão no nível da dimensão institucional; no entanto,<br />
também revelou a necessidade e a possibilidade de lançar<br />
um olhar para cada caso em particular.<br />
trabalho aos quais estão submetidos os docentes<br />
da <strong>Universidade</strong> e compreender a dinâmica de<br />
adoecimento e de casos de violência, como o assédio<br />
moral, dos trabalhadores que se apresentavam à<br />
APUFPR – desde já reconhecendo as possibilidades<br />
de adoecimento e de assédio moral por intermédio<br />
da organização do trabalho9 .<br />
Concomitantemente a esta atividade, iniciaramse<br />
as escutas individuais. Para tanto, foi estabelecido<br />
entre a direção e as assessorias, jurídica e psicológica,<br />
um novo fluxo de atendimento que inserisse a<br />
Psicologia de duas formas:<br />
(a) acolhimento individual e exclusivo da<br />
Psicologia; e<br />
(b) realização do atendimento em conjunto com<br />
a Assessoria Jurídica. Tanto uma quanto a outra<br />
forma de atendimento versam sobre assuntos que<br />
Estou doente profissionalmente<br />
ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 113