Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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asileiro põe como condição para que haja<br />
democratização da cultura no Brasil:<br />
[...] que haja simultaneamente uma<br />
democratização geral da sociedade brasileira.<br />
[...] Uma efetiva democratização da cultura<br />
no Brasil, que transcenda a alta cultura dos<br />
intelectuais e atinja as grandes massas, tem<br />
como ponto de partida uma democratização dos<br />
meios de comunicação de massa, da chamada<br />
mídia. Para isso, é preciso um maior controle da<br />
sociedade sobre esses poderosos instrumentos<br />
de criação, difusão e ação cultural. Precisamos<br />
fazer com que os meios de comunicação de<br />
massa sejam controlados pela sociedade,<br />
e não por grupos monopolistas privados<br />
(COUTINHO, 2006, p. 107).<br />
Esta concepção de democratização remete o<br />
processo em tela a transformações na totalidade da<br />
vida social e das relações que a determinam. No<br />
atual governo, entretanto, o termo parece assumir<br />
significado distinto. Trata-se do pretenso esforço por<br />
uma distribuição “mais equitativa” dos chamados<br />
bens culturais5 e do equipamento cultural pelo<br />
território nacional e entre os diferentes estratos<br />
sociais, por um lado, e do estímulo superficial à<br />
produção cultural de certos segmentos da sociedade<br />
apresentados como historicamente desprivilegiados,<br />
por outro.<br />
Este “estímulo” se torna possível, em boa parte,<br />
devido ao barateamento recente de meios de produção<br />
e reprodução sonora e audiovisual de pequeno porte,<br />
sem que se toque nas questões aludidas na citação<br />
anterior – como a propriedade dos grandes meios<br />
de produção e de difusão cultural e a socialização<br />
do controle dos mesmos. Já quanto à busca pela<br />
equidade na distribuição dos “bens culturais”, tem-se<br />
privilegiado a estratégia do “financiamento ao acesso”<br />
a estes bens via mercado – campo em que desponta<br />
a tentativa, ainda não efetivada, de ativação do<br />
potencial consumidor de certa parcela da sociedade<br />
brasileira através da instituição de um instrumento<br />
em forma de vale, o vale-cultura6 .<br />
2. Políticas públicas e<br />
democratização da cultura 7<br />
Seguindo a linha argumentativa articulada na<br />
Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural,<br />
bem como sugestões de Gramsci e Marcuse8 , podese<br />
depreender que a categoria cultura pretende dar<br />
conta de uma dimensão da vida social que abrange<br />
o conhecimento sobre a realidade e as maneiras,<br />
através das quais ele é expresso ou objetivado. Assim,<br />
a cultura, particular e universalmente, é resultado<br />
ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 7