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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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como estes, não é constituída de forma democrática,<br />

sendo completamente indicada pela administração<br />

da <strong>Universidade</strong>. Frente a essa situação, muitas<br />

vezes é necessário que o docente tente por si mesmo<br />

agilizar os seus processos ou recorrer à entidade<br />

que lhe representa enquanto classe. Destaca-se que<br />

todos os docentes atendidos também apresentavam<br />

quadros de descompensações físicas e psíquicas,<br />

desencadeados ou agravados após as situações<br />

geradas dentro dos seus ambientes de trabalho, ainda<br />

que estes não admitissem tal estado degradante.<br />

4. Construção política a partir das<br />

ações de intervenção local<br />

Do ponto de vista sindical, este conjunto de ações<br />

de intervenção em âmbito local gera diferentes<br />

elementos políticos, que devem ser articulados<br />

nas dimensões local e nacional. É neste ponto das<br />

questões locais que reside a principal dificuldade<br />

para que o ANDES-<strong>SN</strong>, em caráter amplo, e as Seções<br />

Sindicais, em caráter específico, atuem efetivamente<br />

para garantir a saúde docente, lutando contra as<br />

causas de sofrimento no trabalho. A experiência, da<br />

APUFPR, tem mostrado que esta questão não pode<br />

restringir-se à esfera das lutas de caráter nacional.<br />

Há um conjunto de especificidades que estão ligadas<br />

às condições locais, às formas através das quais se<br />

manifestam as políticas governamentais no espaço do<br />

cotidiano do docente. Cada universidade possui um<br />

regramento próprio, uma estrutura administrativa<br />

e organizativa historicamente construída, assim<br />

como estruturas particulares de poder, que implicam<br />

necessariamente na imposição de condições de<br />

trabalho que são próprias de cada instituição. Além<br />

disso, estas particularidades geram relação no<br />

trabalho que muitas vezes são a causa de conflitos e<br />

violências, incluindo-se nestas o assédio moral.<br />

Desta forma, por exemplo, a busca pelas causas<br />

de adoecimento impõe às seções sindicais novas<br />

formas de atuação junto aos docentes, para tentar<br />

uma solução para seus problemas. É preciso superar<br />

a categorização superficial de assistencialismo<br />

ao acolhimento de demandas individuais, assim<br />

como sinaliza Barros de Barros e outros (2005). A<br />

seção sindical deve ser capaz de acolher o docente<br />

e dar encaminhamento, dentro da capacidade e da<br />

competência sindical, à sua demanda individual,<br />

buscando, a curto prazo, interromper as condições que<br />

causam adoecimento. O conjunto de atendimentos,<br />

individuais ou coletivos, permitirá à seção sindical<br />

compreender o processo de adoecimento e identificar<br />

seus possíveis elementos geradores. Isto possibilitará<br />

categorizá-los ou classificá-los de diferentes formas,<br />

seja por condições de trabalho, relações no trabalho,<br />

localização geográfica e temporal etc. A partir disto,<br />

a seção sindical será capaz de construir pautas locais<br />

e propor pautas nacionais referentes à saúde do<br />

trabalhador docente.<br />

Neste sentido, a experiência da APUFPR expõe<br />

uma realidade complexa, na qual o adoecimento<br />

é decorrência tanto das políticas governamentais<br />

quanto da forma como a <strong>Universidade</strong> Federal do<br />

Paraná implementou essas políticas. As diferentes<br />

demandas mostraram docentes sobrecarregados com<br />

horas-aula letivas presenciais, que ultrapassavam<br />

a média existente na maior parte dos setores e<br />

departamentos da UFPR. Foi possível identificar um<br />

grupo de docentes adoecidos em um determinado<br />

campus da universidade que estava há mais de 5<br />

anos sem avaliação de estágio probatório. Situações<br />

de atraso de vários meses nos pedidos de progressão<br />

geravam perdas salariais à categoria docente da UFPR<br />

como um todo. Além destes, um dos elementos<br />

colaboradores para a particularidade da aplicação<br />

das políticas na UFPR se trata da relação de poder,<br />

na qual as divergências de ideias são causadoras de<br />

Estou doente profissionalmente<br />

ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 115

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