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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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Escritos Militantes<br />

trabalho, principalmente sob o capitalismo, assim<br />

como o domínio das técnicas, é fundamental, mas<br />

não suficiente para a educação dos trabalhadores.<br />

Assim como a articulação dessa formação, que indica<br />

a conscientização ou o conhecimento do ‘Modo de<br />

Produção’ da vida sob o capital, pela aquisição das<br />

categorias centrais que o explicam, com o trabalho,<br />

que de alguma forma contribua para a reprodução<br />

da vida, também não é suficiente. Essa constatação<br />

é demonstrada pelas experiências de trabalhoeducação<br />

que o MTD desenvolveu e ainda desenvolve.<br />

Assim, o estudo realizado indica que o movimento<br />

em direção à educação omnilateral e a emancipação<br />

humana necessita que as iniciativas, como as frentes<br />

de trabalho, pontos populares, padarias, entre outros,<br />

estejam articuladas a um processo de trabalho<br />

concreto, que direcione para a explicitação do ‘Modo<br />

de Produção’ do capital e que capacite tecnicamente,<br />

ao mesmo tempo em que apontem para a necessidade<br />

de organização e luta desses sujeitos pelos direitos<br />

elementares. A pesquisa também sugere que para<br />

ter o mínimo de consequência, é necessário que as<br />

políticas públicas entrem em diálogo com a realidade<br />

dos sujeitos, porque se trata de pessoas com todas<br />

as dimensões de vida afetadas pela condição de<br />

desemprego permanente.<br />

Por isso, colocamos, na introdução, que a tarefa<br />

do Movimento dos Trabalhadores Desempregados<br />

é ‘hercúlea’: articular os processos de educação de<br />

Jovens e Adultos a essa perspectiva é absolutamente<br />

difícil, mas não impossível. Experiências atuais de<br />

alguns Movimentos, notadamente do Movimento<br />

Sem Terra, apesar da especificidade dos sujeitos<br />

e das dificuldades enfrentadas, são exemplos que<br />

devem ser conhecidos profundamente, por dentro.<br />

Eles direcionam para essa triangulação: educação<br />

pública, em todos os níveis e de qualidade, luta por<br />

políticas públicas e luta por terra. Essa última é a que<br />

avança na direção de um dos problemas estruturais<br />

e profundos do desenvolvimento brasileiro, porque<br />

remete para a questão agrária e da terra como bem<br />

coletivo e, sendo assim, como um bem que deve estar<br />

a serviço do suprimento das necessidades humanas e<br />

não do capital.<br />

No caso do MTD, Movimento da cidade, a luta<br />

se dá na cidade e pelo trabalho, questão também<br />

56 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE<br />

estrutural e que requer uma proposta concreta e<br />

possível de ser vivida/experienciada pelos sujeitos.<br />

Enfim, notas conclusivas, ainda que em processo<br />

de formulação, apontam que se estas proposições<br />

não estiverem relacionadas a um processo educativo<br />

que, além de articular trabalho-educação, direcione<br />

a intencionalidade para a organização e a luta dos<br />

trabalhadores na perspectiva da superação do sistema<br />

do capital, por políticas públicas, notadamente<br />

saúde, habitação e saneamento e por educação<br />

pública de qualidade, a situação objetiva de vida dos<br />

sujeitos não se altera. Sob o modo de produção do<br />

capital a educação deve intencionalizar à educação<br />

omnilateral e essa inclui, necessariamente, também<br />

a formação do sujeito que assume a necessidade de<br />

transformação da sociedade e que se assume como<br />

sujeito dessa transformação.<br />

notas<br />

1. A elaboração do projeto de pesquisa em<br />

Pelotas contou com a colaboração da professora<br />

Carmen Lucia Bezerra Machado, da UFRGS, e do<br />

setor de formação do MTD. Os professores da UFPel:<br />

José Lino Hack, Georgina Helena Lima Nunes, Rosa<br />

Elane Antoria Lucas e as estudantes Ana Paula Bonat,<br />

Andréa Wahlbrink Padilha da Silva, Camila Goulart<br />

de Campos e Priscila da Silva Vieira contribuíram no<br />

desenvolvimento da pesquisa.<br />

2. Dos 50 que responderam ao questionário, em<br />

Pelotas, 44 são do sexo feminino e 6 do masculino; 17<br />

possuem entre 16 e 30 anos e 33 entre 30 e 60 anos; 7<br />

não têm filhos; 15 têm entre 1 e 2; 9 têm 3; 7 têm 4;<br />

11 têm 5 ou mais; 19 se autodenominam negros; 12<br />

brancos; 7 pardos; 1 indígena; 1 cafuzo, 1 mulato e 3<br />

não responderam;<br />

3. É assim que elas chamam esse trabalho,<br />

manteve-se a informação dos questionários.<br />

4. Dos 50 que responderam ao questionário, em<br />

Pelotas, 23 recebem até 150 reais; 13 até 300 reais e 14<br />

até 550 reais; 23 recebem cesta básica; 19 bolsa família<br />

e 8 não recebem nada.<br />

5. A pesquisa não quis verificar a vida privada<br />

dos sujeitos. Não se tratou de aspectos como alegrias,<br />

dores, casamentos, separações, frustrações, entre<br />

tantos outros, mas das condições de reprodução da

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