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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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até mesmo individuais, e que implicam geralmente<br />

na atualização da pauta de lutas, local e nacional. Este<br />

estabelecimento de pautas não pode ser o objetivo<br />

único do acolhimento; acolher implica buscar, com<br />

o docente, tanto um encaminhamento para suas<br />

demandas, que o levaram para uma situação de<br />

adoecimento, quanto seu envolvimento nas lutas<br />

sindicais e políticas, na esfera local e nas lutas gerais da<br />

classe trabalhadora, que corrijam as causas estruturais<br />

que geram a degradação do trabalho. Um efeito a<br />

ser destacado destas ações consiste na mudança<br />

da percepção do docente em relação ao trabalho<br />

da seção sindical. Esta se aproxima do cotidiano<br />

docente e estabelece pautas de luta, que vinculam<br />

os problemas deste cotidiano com as grandes lutas<br />

nacionais do sindicato.<br />

5. Conclusões<br />

O presente trabalho buscou sintetizar a intervenção<br />

da APUFPR-SSIND em saúde docente. O ponto de<br />

partida para esta intervenção foi motivado por duas<br />

situações que se apresentaram de forma concomitante<br />

no cotidiano da Seção Sindical: um número cada vez<br />

maior de docentes passou a procurar ajuda, jurídica<br />

e/ou política, e diversas novas questões relacionadas à<br />

saúde passaram a fazer parte da agenda do Sindicato,<br />

como, por exemplo, a necessidade de intervenção em<br />

ambientes insalubres ou perigosos.<br />

As demandas dos docentes, assim como as questões<br />

de saúde, apresentaram-se com características muito<br />

diversas entre si, o que implicava para a Seção Sindical<br />

diferentes formas de atuação. Duas estratégias foram<br />

estruturadas, com o objetivo de compreender esta<br />

diversidade de situações de adoecimento e de construir<br />

formas de atuação. A primeira consistiu na criação<br />

do Fórum de Saúde do Trabalhador da UFPR, com<br />

o intento de trocar experiências e construir propostas<br />

de forma coletiva, envolvendo os diferentes atores da<br />

<strong>Universidade</strong>, sindicais e institucionais, que atuam<br />

com a temática da saúde do trabalhador. A segunda<br />

foi a contratação de assessoria psicológica, para<br />

acolher de forma profissional os docentes, interagir<br />

com estes nos seus ambientes de trabalho e fazer<br />

a interlocução com a direção sindical. Entretanto,<br />

o simples estabelecimento dessas duas estratégias,<br />

de forma isolada, não permite a construção de uma<br />

política de saúde para a seção sindical. É fundamental<br />

a estruturação de um espaço de discussão e análise<br />

no qual todas as demandas sejam avaliadas e os<br />

fatores geradores de degradação das condições e<br />

relações de trabalho sejam identificados. É neste<br />

espaço, envolvendo as assessorias, militantes e<br />

diretoria sindical, que são acordadas as ações a serem<br />

encaminhadas. Além disso, para que esta construção<br />

coletiva não se restrinja a uma atuação focalizada,<br />

individualizada, buscaram-se outras referências,<br />

empíricas e científicas, com o objetivo de estabelecer<br />

uma análise comparativa com os dados que estavam<br />

sendo coletados.<br />

O primeiro passo nesta direção consistiu em<br />

conhecer e entender o processo histórico que está<br />

modificando a universidade pública, impelindo-a a<br />

tornar-se produtivista, mercantilizada, competitiva. O<br />

adoecimento docente é consequência deste processo<br />

e nele é possível identificar algumas das causas e os<br />

principais fatores de adoecimento.<br />

É fundamental a estruturação de um espaço de discussão<br />

e análise no qual todas as demandas sejam avaliadas<br />

e os fatores geradores de degradação das condições e<br />

relações de trabalho sejam identificados.<br />

O segundo passo foi buscar os dados disponíveis<br />

na estrutura operacional da própria universidade.<br />

A principal conclusão que foi possível estabelecer<br />

indica que o adoecimento docente tem características<br />

próprias que nem mesmo a estrutura organizacional<br />

da universidade é capaz de acompanhar e interferir de<br />

forma efetiva. Diferentemente dos servidores técnicoadministrativos,<br />

os docentes raramente acessam<br />

os serviços de saúde da universidade para solicitar<br />

licenças médicas. Afastamentos de curta duração em<br />

função de adoecimento são resolvidos em âmbito<br />

departamental, com a substituição das atividades<br />

letivas acordada entre colegas da mesma área de<br />

atuação do docente. As chefias de departamento<br />

apenas indicam ao docente a necessidade da busca<br />

dos serviços médicos, quando têm a perspectiva de<br />

Estou doente profissionalmente<br />

ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 117

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