Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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l’Education Nouvelle e Société<br />
des Amis de l’Enseignement: duas<br />
principais propostas indicadas por<br />
Dommanget na Comuna de Paris<br />
Apesar de tantos obstáculos, haviam grupos<br />
empenhados na construção de uma nova proposta<br />
educacional. Grupos estes comprometidos com o<br />
projeto da Comuna, resultado dos debates anteriores<br />
em defesa de um novo projeto societal, que<br />
contribuíram e refletiam seus acúmulos, de modo<br />
mais ou menos articulado, na Comissão de Ensino.<br />
Um destes grupos era denominado l’Education<br />
Nouvelle, grupo este encorajado por Vaillant e que<br />
se reunia 2 vezes por semana na escola Turgot.<br />
Este grupo enviou uma Comissão ao Hotel de Ville<br />
para propor uma reforma radical na educação dos<br />
dois sexos sobre uma tripla base: da laicidade, da<br />
obrigação e da gratuidade; capaz de envolver todas as<br />
dimensões da vida humana, da vida privada, da vida<br />
profissional e da vida política/social. Faziam ressurgir<br />
a necessidade de uma ‘educação republicana’, e a<br />
importância da educação como uma “questão-mestre<br />
que embasa e domina todas as questões políticas e<br />
sociais, e que sem a solução para ela não será jamais<br />
possível fazer uma reforma séria e durável”. Eles<br />
demandavam que a educação fosse considerada<br />
‘como um serviço público de primeira ordem’ e<br />
que deveria ser um ‘direito de todas as crianças<br />
independentemente da sua posição social e um dever<br />
dos pais ou dos tutores e da sociedade’ (Dommanget,<br />
1971, p. 203). Insistiam na questão da laicidade,<br />
As casas de ensino e educação mantidas pela<br />
Comuna, pelos departamentos ou pelo Estado<br />
devem ser abertas às crianças e a todos os<br />
membros da coletividade, quais sejam as crenças<br />
intimas de cada um deles. Então, envocam a<br />
liberdade de consciência e de justiça, a petição<br />
demanda com urgência:<br />
– que a instrução religiosa ou dogmática<br />
seja deixada por completo a cargo da iniciativa<br />
e a direção livre das famílias, e que ela seja<br />
radicalmente e imediatamente suprimida para<br />
ambos os sexos e em todas as escolas, e em todos<br />
os estabelecimentos que são mantidos pelos<br />
impostos;<br />
– que as casas de instrução e educação não<br />
tenham nos seus espaços à exposição, aos<br />
alunos ou a qualquer público, objeto de culto,<br />
ou alguma imagem religiosa;<br />
– que não seja ensinado ou praticado no<br />
coletivo, orações ou dogmas, nada que seja<br />
reservado à consciencia individual;<br />
– que seja empregado exclusivamente o<br />
método experimental ou científico, que parta<br />
sempre da observação dos fatos, que seja de<br />
natureza psíquica, moral, intelectual;<br />
– que todas as questões de domínio religiosas<br />
sejam completamente sumprimidas nos exames<br />
públicos, principalmente nos exames para<br />
certificar as competências;<br />
– enfim, que as corporações de ensino não<br />
possam mais existir como estabelecimentos<br />
públicos ou livres. (Dommanget, 1971, p. 203)<br />
Para Dommanget, estas indicações constituíam<br />
uma notável carta de laicidade. L’Education<br />
nouvelle defendia a Comuna e seu domínio. Era<br />
um agrupamento popular com artesões, sapateiros,<br />
pais, professores, instrutores(as). Configuravamse<br />
como os intelectuais orgânicos de sua classe. Os<br />
outros educadores, que não eram do grupo, eram<br />
convidados para as reuniões ou para as discussões<br />
sobre as resoluções práticas da reforma operada<br />
através de leis métodos e programas de ensino.<br />
Outro grupo de educadores era o da Société des<br />
Amis de l’Enseignement, fundada por Jules Allix.<br />
Seus esforços iam na direção da reforma, no viés da<br />
ciência e da prática do ensino. Segundo Dommanget,<br />
é menos espetacular do que o grupo da escola nova,<br />
entretanto é mais eficaz no plano de organização que<br />
faz. Eles possuem uma posição distinta, da até então<br />
existente, da primeira infância.<br />
O direito à educação pública<br />
ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 91