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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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elator da matéria na Câmara de utilizar o termo<br />

“investimento total” e não mais “investimento<br />

direto”, pois isto permitirá contabilizar gastos com<br />

bolsas e subsídios direcionados para entidades<br />

mercantis ou filantrópicas.<br />

Algumas palavras do Professor Roberto Leher<br />

(2010), da Faculdade de Educação da UFRJ, que<br />

tomamos emprestadas, colaboram para deixar<br />

ainda mais explícitas as relações do setor privado<br />

com a política educacional brasileira. “Não se<br />

trata apenas de desviar recursos públicos para a<br />

iniciativa privada, desresponsabilizando o Estado<br />

pela oferta em quantidade e qualidade, mas também<br />

de fazer o enfrentamento ideológico nos países<br />

periféricos onde existe o risco de contaminação das<br />

ideias comunistas ou mesmo de governos socialdesenvolvimentistas<br />

que ousem adotar uma política<br />

mais autônoma em relação aos ditames contidos na<br />

“cartilha” neoliberal. No Brasil, os recentes governos<br />

de FHC, Lula e Dilma não têm o menor pudor de<br />

seguir à risca esse receituário. O “Compromisso<br />

Todos pela Educação”, um lobby das grandes<br />

corporações financeiras, agromineral, comunicação,<br />

informática, editorial e telefonia se vestem de uma<br />

roupagem “progressista”, com discurso tomado dos<br />

movimentos sociais por uma Educação “inclusiva,<br />

social”. O próprio Plano de Desenvolvimento<br />

Educacional do governo Lula expressa o<br />

compromisso com as Parcerias Público-Privadas,<br />

que atendem aos interesses das organizações que<br />

lideram o “Todos pela Educação” como Itaú-social,<br />

Fundações Bradesco e Roberto Marinho, Grupo<br />

Gerdau, Vitor Civita etc. Recentemente, no Estado do<br />

Rio de Janeiro, as organizações Globo receberam do<br />

governo Cabral cerca de 800 milhões de reais para<br />

participarem do Projeto Autonomia, que visa<br />

corrigir a distorção série-idade na rede<br />

estadual de ensino. Os governos<br />

e esses grupos necessitam da aceitação pública e<br />

por isso investem pesadamente em marketing, em<br />

ações como o “Amigos da Escola” entre outras e ao<br />

mesmo tempo derrotar as resistências retirando a<br />

autonomia pedagógica dos professores, perseguindo<br />

e intimidando e tentando criminalizar os sindicatos<br />

da categoria e suas lideranças.”<br />

10% do PIB para a Educação<br />

Pública: uma bandeira estratégica<br />

para um projeto soberano de Nação<br />

com igualdade social<br />

Diante deste cenário de manutenção da lógica<br />

excludente vigente nas últimas décadas, do<br />

aprofundamento do compartilhamento da oferta de<br />

vagas com o setor privado e da previsão de um fraco<br />

crescimento dos recursos destinados à manutenção<br />

da oferta pública da educação, ganha força a bandeira<br />

histórica da sociedade civil de que, pelo menos, 10%<br />

do PIB sejam destinados para a educação pública.<br />

A reivindicação de que o país eleja a educação<br />

como uma de suas prioridades na utilização do<br />

fundo público é condição essencial para que se efetive<br />

um Plano Nacional de Educação viável, inclusivo,<br />

justo em termos federativos, representativo de uma<br />

consistente valorização dos educadores, controlado<br />

socialmente e audacioso no campo do direito.<br />

Para que o plano seja viável é necessário acelerar<br />

o ritmo de investimentos na escola pública. Estes<br />

investimentos devem estar direcionados para a<br />

efetivação do direito à educação para milhões de<br />

brasileiros, especialmente para os mais pobres, os<br />

que residem nas regiões norte e nordeste, para os que<br />

trabalham e vivem no campo e para os negros.<br />

Para que o plano seja inclusivo é necessário<br />

que ele estabeleça como eixo norteador a oferta<br />

pública do acesso e permanência na educação. A<br />

Constituição Federal garante o direito de o setor<br />

privado existir, mas esse dispositivo não pode ser<br />

Financiamento educacional<br />

ANDES-<strong>SN</strong> n junho de 2012 151

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