Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN
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Escritos Militantes<br />
perseguição, discriminação e exclusão, por parte<br />
de outros docentes que controlam ou fazem parte<br />
dos diferentes grupos de poder que estão presentes<br />
na <strong>Universidade</strong>. Estas e outras situações devem<br />
ser tratadas politicamente pela seção sindical e<br />
transformadas em pautas políticas. É fundamental<br />
que estas pautas sejam apropriadas pela comunidade<br />
universitária, uma vez que a conquista de sua resolução<br />
somente será efetivada pela ação da comunidade<br />
organizada. Além disso, essas pautas podem ter<br />
dimensão tanto local quanto nacional. Compreendese<br />
como pautas locais aquelas cuja resolução, mesmo<br />
em caráter temporário, depende de intervenção nos<br />
limites da própria universidade, modificando sua<br />
estrutura ou suas normas operativas. Neste caso,<br />
uma etapa importante do processo de conquista de<br />
soluções consiste em acionar os conselhos superiores,<br />
dentro do processo democrático da universidade,<br />
através de propostas normativas. A aprovação dessas<br />
propostas dependerá fortemente da mobilização e da<br />
pressão realizadas pela comunidade acadêmica. As<br />
pautas de dimensão nacional, por sua vez, precisam<br />
ser fundamentadas e propostas para deliberação nas<br />
instâncias e eventos do sindicato nacional, através de<br />
grupos de trabalho e congressos.<br />
Há demandas que podem implicar procedimentos<br />
que envolvam instâncias nas quais participem<br />
os demais segmentos da universidade, para seu<br />
encaminhamento. Por exemplo, nas questões<br />
referentes à insalubridade e periculosidade, já trazidas<br />
à APUFPR por vários docentes em demandas à<br />
Assessoria Jurídica, constatou-se que estas eram<br />
também importantes para a categoria dos servidores<br />
técnico-administrativos. Esta temática passou então a<br />
ser tratada pelo Fórum de Saúde do Trabalhador, que<br />
identificou como principal problema a aplicação da<br />
Orientação Normativa n° 2 (ON2) da Secretaria de<br />
Recursos Humanos do MPOG. Para a APUFPR, este<br />
tema implica ações locais e nacionais. Localmente,<br />
por meio do Fórum, trabalhou-se pela geração de<br />
uma normativa, substitutiva à ON2, a ser aprovada<br />
no Conselho Superior da UFPR, que estabeleça<br />
procedimentos que corrijam as ilegalidades e<br />
inadequações desta ao ambiente acadêmico. Em<br />
nível nacional, foi proposto um Texto de Resolução<br />
no Congresso do ANDES-<strong>SN</strong> rejeitando a ON2 e<br />
116 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE<br />
exigindo do governo a sua substituição por uma nova<br />
normativa que atenda às demandas da comunidade<br />
universitária. Nesta questão, para a APUFPR, o<br />
pagamento de adicional de insalubridade ou de<br />
periculosidade, ainda que fundamental nos ambientes<br />
e funções nos quais é impossível retirar todo o risco<br />
ao trabalhador, impõe que todos esses ambientes<br />
de risco sejam vistoriados e que seja estabelecido<br />
um cronograma de trabalho que elimine, quando<br />
possível, todos os riscos. Para isto, a seção sindical<br />
deve ser capaz de acompanhar todo o processo de<br />
geração de laudos técnicos, assim como intervir nos<br />
prazos e na solução dos problemas.<br />
Além dos fatores de adoecimento exemplificados,<br />
há outros que não podem ser classificados especificamente<br />
como fruto das condições de trabalho (precarizadas,<br />
sobrecarregadas), mas sim de rela ções no<br />
trabalho em um ambiente cada vez mais competitivo e<br />
individualista. Situações de violência, como o assédio<br />
moral têm sido mais frequentes na universidade<br />
pública. O Sindicato Nacional tem acúmulo na análise<br />
da deterioração das condições de trabalho, mas o<br />
mesmo não ocorre quanto aos problemas decorrentes<br />
da degradação nas relações no trabalho. Neste sentido,<br />
através dos atendimentos realizados pela Assessoria<br />
Psicológica, foi possível identificar determinadas<br />
situações de assédio que têm se tornado frequentes<br />
nas universidades, nas quais, frente às divergências, os<br />
conflitos são decididos em favor da manutenção dos<br />
grupos de poder, que resistem a qualquer tentativa<br />
de modificação do ‘status quo’ vigente. Percebe-se<br />
que tais grupos são fortalecidos ou criados através da<br />
política de troca de favores, do desrespeito às regras<br />
da universidade para benefício próprio e se mantêm<br />
por meio da impunidade em alguns momentos e do<br />
descaso em outros.<br />
A Assessoria Psicológica tem papel fundamental<br />
no atendimento destes casos, nos quais o indivíduo<br />
é acolhido, recebe indicações para tratar de seu<br />
adoecimento e passa a ser acompanhado pela<br />
assessoria. Todos os casos, respeitado o sigilo<br />
profissional, são discutidos em reuniões periódicas,<br />
nas quais participam a Diretoria Sindical e a<br />
Assessoria Jurídica. Este trabalho conjunto de análise<br />
visa buscar soluções para os casos identificados, que<br />
podem gerar procedimentos judiciais, coletivos ou