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Revista Universidade e Sociedade - Andes-SN

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Debate Contemporâneo<br />

A última experiência com êxito na unidade<br />

da esquerda que tivemos em torno das pautas<br />

educacionais no ensino superior se deu em 2007,<br />

com mobilizações expressivas nesse sentido contra<br />

a ofensiva do governo Lula, no aprofundamento<br />

da lógica da mercantilização da educação do<br />

ensino com a Frente de Lutas Contra a Reforma<br />

Universitária (FLCRU). Tal frente, que aglutinou<br />

setores combativos encampados pelas executivas de<br />

cursos e o próprio ANDES Sindicato Nacional, bem<br />

como da Oposição de Esquerda da UNE (na época<br />

FOE) e da CONLUTE (hoje Anel), em ocupações<br />

de reitorias, em resposta aos ataques governistas<br />

na educação. Travar a luta, enquanto estudantes<br />

ao lado dos trabalhadores da educação, buscando<br />

trazer as demais categorias da classe trabalhadora, é<br />

necessária mais do que nunca, assim como também<br />

vimos em outros países, a exemplo do Chile (2011) e<br />

Canadá (2012), que estudantes e trabalhadores foram<br />

às ruas devido ao endividamento das famílias com a<br />

educação, a qual é privatizada. Ou, então, a juventude<br />

endividada e desempregada dos EUA, na ocupação<br />

em Wall Street (2011), ou a luta dos jovens espanhóis<br />

por emprego e moradia.<br />

Educação para quem?<br />

A educação não se coloca diferente do interesse de<br />

classe da burguesia, no seu investimento, na geração<br />

de “mão de obra” qualificada para expropriação<br />

de mais-valia. O investimento na especialização<br />

das diferentes áreas na educação reflete o interesse<br />

do capital em que o trabalhador tenha o maior<br />

conhecimento em determinada área, o que resulta<br />

em não enxergar a visão total do seu trabalho. Esta<br />

análise baliza a nossa principal crítica à educação<br />

burguesa, pois a mesma foi estruturada a partir dos<br />

interesses da burguesia.<br />

A educação acompanha reestruturação produtiva<br />

no mundo do trabalho, a fim de manter a estrutura<br />

econômica vigente, mantendo o alto índice de<br />

produtividade e extraindo, assim, mais mais-valia.<br />

A consequência disso é que temos uma educação<br />

fragmentada do ensino fundamental ao superior.<br />

Sob o modelo de “especialização” do conhecimento,<br />

170 UNIVERSIDADE E SOCIEDADE<br />

o sujeito aprofunda-se em determinada área, sem<br />

relação com a totalidade da sociedade, saindo<br />

assim “apto” ao mercado de trabalho. Essa aptidão<br />

tem em sua essência o conhecimento focado nas<br />

particularidades, a fim de que o sujeito não enxergue<br />

o processo do mundo do trabalho em sua essência<br />

e a lógica pela qual a sociedade funciona, que é a<br />

exploração de sua própria força de trabalho para<br />

garantia da riqueza social produzida por ele enquanto<br />

trabalhador.<br />

Para a burguesia, a educação cumpre com um<br />

papel ideológico no que diz respeito a ser um<br />

instrumento para mantimento da alienação da classe<br />

trabalhadora – para que os trabalhadores não se<br />

enxerguem enquanto classe dominada no seio das<br />

relações sociais nos meios de produção.<br />

A categoria dos professores neste cenário vive em<br />

uma grande contradição: ao mesmo tempo em que é<br />

explorada pela lógica do capital, sofrendo os ataques<br />

diretos do governo e da burguesia, ela é responsável<br />

por qualificar toda uma geração de trabalhadores que<br />

gerem mais-valia, expropriada, então, pelo burguês<br />

no mundo do trabalho.<br />

10% do PIB para a<br />

Educação Pública Já!<br />

A campanha 10% do PIB para a Educação Pública<br />

Já! é uma bandeira histórica na educação brasileira,<br />

que há mais de dez anos é tocada por setores da<br />

esquerda ligados à educação como um projeto de<br />

investimento do Estado à realidade da educação<br />

no país na universalização da mesma à sociedade.<br />

A campanha, em 2011, foi retomada com força<br />

por sindicatos, entidades acadêmicas, estudantes<br />

e movimentos sociais com fóruns amplos de<br />

discussões, bem como um plebiscito popular sobre<br />

a urgência da aplicação de 10% do PIB na educação<br />

pública brasileira.<br />

Tal pauta foi construída pelos setores da<br />

esquerda de oposição ao governo após discussões<br />

de análise profunda sobre a situação da educação<br />

pública brasileira que, hoje, embora seja um direito<br />

constitucional, mantém-se distante dos setores<br />

marginalizados da sociedade, bem como precarizada

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