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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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88 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

em cima do lugar, on<strong>de</strong> mais humida<strong>de</strong> parecia, hnma pequena trom-<br />

beta que comsigo trazia com a boca pêra baixo : e foi o Senhor servido<br />

por lionra do seu Santo, acrecentar o milagre. Porque contra toda a na-<br />

tureza das cousas, foi o olio subindo polo cano da trombeta até lançar<br />

pola boca contraria : e quem não cria huma maravilha íicou convencido<br />

com duas.<br />

Sofre Deos incrédulos <strong>de</strong> suas gran<strong>de</strong>zas, sendo afronta, que lhe fa-<br />

zemos duvidar <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r infinito: porque tem por própria a honra<br />

<strong>de</strong> seus servos ; e como se no <strong>de</strong>scrédito d^elles perigara o credito <strong>de</strong><br />

f-nia bonda<strong>de</strong>, assi aco<strong>de</strong> com prontidão a satisfazer os duros, e contuma-<br />

zes. Tratavão hum dia os Cónegos entre si d'este milagre, e d'outros que<br />

cada hora llies passavão polas mãos, louvando a Deos, e o Santo em to-<br />

dos; e hum d'elles tomando a mão começou a dizer que dos milagres<br />

Bão duvidava, nem da virtu<strong>de</strong>, e merecimentos do Santo; mas qne lhe<br />

parecia cousa dura tamanho numero <strong>de</strong> prodígios, como cada homem re-<br />

feria. Porque (dizia elle) eu venho todos os dias pola manhã, e tar<strong>de</strong> a<br />

esta Igreja, e ainda me não aconteceo ver nenhum por estes olhos. As<br />

palavras não erão ditas, quando sintirão rumor <strong>de</strong> gente na porta prin-<br />

cipal; e virão huns homens que trazião hum minino aleijado <strong>de</strong> seu na-<br />

cimento tão miseravelmente, que não era senhor <strong>de</strong> mover pé nem mão; e<br />

passando por entre os Cónegos o forão lançar sobre a sepultura santa.<br />

Parece que quiz Deos mostrar n'esta hora com mais evi<strong>de</strong>ncia as gran-<br />

<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> sua omnipotência á vista do Cónego incrédulo; e mais repen-<br />

tinamente, do que costuma em outros, lhe <strong>de</strong>u saú<strong>de</strong>. E foi assi que<br />

tanto que o moço tocou na lagea fria, no mesmo instante esten<strong>de</strong>o todos<br />

os membros, e se sintio tão robusto, e são como se nunca mal nenhum<br />

tevera; e logo andou, e saltou pasmando <strong>de</strong> si mesmo, e pasmando com<br />

todos o Cónego que <strong>de</strong>sejava ver milagres, o qual dalli em diante ficou<br />

pregoeiro do Santo.<br />

Era moradora em Santarém huma mulher viuva, natural <strong>de</strong> Ponte<br />

vedra em Galiza (1). Adoeceo-lhe hum filho moço <strong>de</strong> huma postema em<br />

bum pé, e sobreveo-lhe hum mal que vulgarmente chamão fogo <strong>de</strong> San-<br />

to Antão ; andava em mãos <strong>de</strong> mestres, mas com pouca esperança <strong>de</strong><br />

vida, porque se hia corrompendo o pé, e tinha o pobre por conta tira-<br />

dos d'elle já <strong>de</strong>zoito ossos. N'este estado se soccorreo a afligida mãi<br />

ao Santo da sua terra; e não tardou elle em lhe valer. Paron logo o<br />

(1) Resen<strong>de</strong> na vidii do S. <strong>Fr</strong>. Gil \. 3. expmp. 11.

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