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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PARTICULAR DO RKINO DE PORTUGAL 137<br />

povo pêra mais ouvir, e foi força acabar. N'este tempo tinha trinta an-<br />

nos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e foi a occasião <strong>de</strong> liir a Córdova, encarregar-lhe o Mestre<br />

Geral da Or<strong>de</strong>m <strong>Fr</strong>ei João Fenario vindo pessoalmente visitar a provin-<br />

da <strong>de</strong> Andaluzia, que tresladasse o Convento <strong>de</strong> Scala Cseli <strong>de</strong> Córdova,<br />

que estava em Imma serra, e em sitio pouco sadio, pêra <strong>de</strong>ntro da ci-<br />

da<strong>de</strong>.<br />

CAPÍTULO XÍII<br />

V€7n o Mestre <strong>Fr</strong>ei <strong>Luís</strong> a Portugal á 'petição do Car<strong>de</strong>al Infante: perfilha'<br />

se polo Convento <strong>de</strong> Évora. He eleito Provincial. Dá-se conta da or<strong>de</strong>m<br />

que tinha em Lisboa em sua vida, e estudo.<br />

Foi o Convento <strong>de</strong> Scala Ca^li fundado por hum <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong> Portuguez,<br />

<strong>de</strong> que he rezão ficar memoria n'estes escritos : ainda que seja com pon-<br />

ca distinção, e clareza, sabemos que se chamava <strong>Fr</strong>ei Álvaro, e que na<br />

mesma casa he tido por Santo : do que he bom argumento sabermos<br />

também que foi muito estimado da Emperatriz dona Izabel, molher do<br />

Emperador Carlos quinto, e irmã <strong>de</strong>l-Rei dom João o terceiro <strong>de</strong> Por-<br />

tugal. Tanto credito tinlm já acquerido o Mestre <strong>Fr</strong>ei Luis nos trinta an-<br />

nos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que com muita segurança foi eleito por hum Geral pêra<br />

tal cargo. Mas n'esta residência <strong>de</strong> Córdova, e na tresladação que fez do<br />

Convento adiantou muito mais em reputação <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, e penitencia, e<br />

espirito. Porque aqui começou ajuntar com a pregação o trabailio <strong>de</strong> es-<br />

crever livros espirituaes : nos quaes se occupava com gran<strong>de</strong> continua-<br />

ção, e encerramento : e pêra dar l)oa conta <strong>de</strong> tudo mesturava com tal<br />

exercício estreitas penitencias. Conta d^ellas o Mestre <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco<br />

Diago, Aragonez, que succe<strong>de</strong>o huma noite a certos fidalgos mancebos<br />

passarem por junto do Convento, e ouvirem a toada <strong>de</strong> huma rigorosa<br />

disciplina, que por ser no silencio <strong>de</strong> alta noite, e tomada com força se<br />

<strong>de</strong>ixava bem ouvir : e <strong>de</strong> mistura com ella soavão a espaços huns gemi-<br />

dos tão profundos, e tristes, que ficando por huma, e outra cousa pe-<br />

netrados <strong>de</strong> dor, e compunção os ociosos, <strong>de</strong>sistirão da jornada, que<br />

não <strong>de</strong>via ser muito do serviço <strong>de</strong> Deos ; do que foi sinal que no dia se-<br />

guinte entrarão polo Convento, e averiguado que era elle o penitente,<br />

lhe <strong>de</strong>rão as graças da mudança do conselho.<br />

Tratou-se entretanto na Província fundar Convento em Badajoz. Pa-<br />

receo que não podia ir pessoa pêra o eífeito mais a propósito ; e enco-

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