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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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314 LIVRO VI DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

mais alto ponto, mandava celebrar muitas Missas por cativos, e naufiagantes,<br />

e enfermos, especialmente lázaros <strong>de</strong> que muito se dohia. E em<br />

fim o dizimo <strong>de</strong> todas suas rendas <strong>de</strong> cada anno empregava em esmolas,<br />

c obras pias. E era tal a fama que <strong>de</strong> suas virtu<strong>de</strong>s, e prudência no Rei-<br />

no, e fora d'elle corria, que o Papa Eugénio quarto lhe mandou offere-<br />

cer o capello <strong>de</strong> Car<strong>de</strong>al por hum Abba<strong>de</strong> da Camaldula <strong>de</strong> Florença,<br />

que veio por Núncio a Portugal, e elle o não aceitou pola rezão que temos<br />

dito <strong>de</strong> que não <strong>de</strong>terminava ser Religioso. Pola mesma causa lhe<br />

davão seus filhos com muito gosto, os fidalgos mais illustres do Reino pêra<br />

o servirem, e se criarem em tão santa^scola como sabião que era sua<br />

casa.<br />

CAPITULO XXVIII<br />

Emhíirca-se o Infante na jornada <strong>de</strong> Tangere, e chegando o Campo<br />

a ponto <strong>de</strong> se per<strong>de</strong>r^ ofjerece-se a ficar em po<strong>de</strong>r dos Mouros, polo<br />

salvar.<br />

Trinta e quatro annos tinha o Infante comprido na vida, e exercí-<br />

cios que atrás temos dito, quando el-Rei seu irmão <strong>de</strong>terminou mandal-o<br />

com huma po<strong>de</strong>rosa armada sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tangere. Era jornada<br />

cheia <strong>de</strong> inconvenientes, e por isso encontrada <strong>de</strong> todos os homens <strong>de</strong><br />

bom juizo: e o Infante era hum dos que mais a reprovavão. E el-Reí<br />

fazendo General d'ella ao Infante dom Anrique mandou-o embarcar com<br />

elle. Na hora que soube a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>l-Rei dispoz-se ao servir com gos-<br />

to, mas contra seu entendimento. E porque este lhe pronosticava <strong>de</strong>ntro<br />

em sua alma o successo que havia <strong>de</strong> ter, or<strong>de</strong>nou logo as cousas <strong>de</strong><br />

sua conciencia, como se ao sabido fora a morrer. E consi<strong>de</strong>rando que<br />

tinha gran<strong>de</strong> família <strong>de</strong> criados, huns que o não podião acompanhar, e<br />

outros a que tinha obrigação <strong>de</strong> satisfazer serviços passados, pedio a el-<br />

Rei quizesse satisfazer a todos em caso que elle Infante acabasse na jor-<br />

nada, polo que valia sua recamara, e baixella : e ao que isto não che-<br />

gasse suprisse Sua Alteza das rendas da Coroa por cujo serviço se arriscava<br />

: porque assí iria mais quieto em sua conciencia, e entraria com<br />

mais gosto em todo perigo. Respon<strong>de</strong>o-lhe el-Rei á vonta<strong>de</strong>, e n'esta<br />

conformida<strong>de</strong> or<strong>de</strong>nou seu testamento mandando dizer muitas Missas<br />

por todos os mosteiros antes <strong>de</strong> sua partida, e repartindo grossas esmolas<br />

entre pobres. E por lhe não ficar nada por fazer do que a huma

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