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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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190 LIVRO V DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

a santa velha a <strong>de</strong>scobrir a visão. Faleceo em boa velhice cheia <strong>de</strong> dias,<br />

e com gran<strong>de</strong>s sinacs <strong>de</strong> Santa.<br />

CAPITULO XXXIÍI<br />

<strong>Da</strong> Madre Sor Brcitiz Salema.<br />

«<br />

Segue a estas Religiosas antigas a Madre Sor Breitiz Salema, também<br />

antiga como ellas, mas aventajada, se se po<strong>de</strong> dizer, em hum santo<br />

propósito, com que se <strong>de</strong>terminou a retratar em si em supremo gráo<br />

todas as virtu<strong>de</strong>s juntas <strong>de</strong> huma perfeita Uehgiosa, e em cada huma<br />

ser única. E não cui<strong>de</strong> ninguém, que he isto termo rhetorico, e querer<br />

sair do estilo <strong>de</strong>vido á historia. Nâo he sempre seca a verda<strong>de</strong> : faríamos<br />

contra ella, se por medo <strong>de</strong> parecer amigos <strong>de</strong> encarecer, usáramos<br />

termos breves, e ordinários, e menos signilicativos do que merece hum<br />

valor não costumado nem ordinário, como foi o d'esta Madre. E toda-<br />

via por fugir ditos, e opiniões iremos escrevendo singelamente o que<br />

d'ella achamos, e sem mais cores nem or<strong>de</strong>m, que a que tom em sua<br />

fonte. Primeiramente, porque se nao possa duvidar do que dissermos<br />

<strong>de</strong> suas cousas, fundou a vida em huma profunda humilda<strong>de</strong>, tomando<br />

por sua vonta<strong>de</strong> todos os mais baixos, e abatidos oíTicios da casa. Ella<br />

era a que alimpava todas as immundicias do mosteiro, e até as escra-<br />

vas ajudava a servir como se fora huma d'ellas : e isto não era só sen-<br />

do moca, senão também <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> muito velha, que sempre andava<br />

com a vassoura na mão varrendo tudo o que não estava muito limpo.<br />

No Coro nenhum oííicio estimava como o <strong>de</strong> noviça. Assi quando as Ma-<br />

dres hião a elle, já tinha can<strong>de</strong>as acesas, livros postos, e registrados, e<br />

tudo tão a ponto sem ser <strong>de</strong> sua obrigação, como se na verda<strong>de</strong> esti-<br />

vera ásua conta. Era-lhe fácil esta diligencia, porque dormia muito pou-<br />

co (que he outra gran<strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> monástica) e nenhuma na casa se levan-<br />

tava primeiro a Matinas : e como se trouxera comsigo o relógio, assi es-<br />

tava pronta na hora, e pola mesma rezão ella era a que <strong>de</strong> ordinário es-<br />

pertava, e tangia a Matiuas. A falta <strong>de</strong> sono não lhe procedia <strong>de</strong> natu-<br />

reza pouco inclinada a elle, se não <strong>de</strong> quebrantada, e vencida com força<br />

<strong>de</strong> abstinência : soberana virtu<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> todas as outras conservadora.<br />

AlTirma-se d'ella, que nunca comia mais, que pão seco : ora seco, ora em<br />

sopas, que <strong>de</strong>via ser <strong>de</strong>spois que a ida<strong>de</strong> lhe foi roubando os <strong>de</strong>ntes.

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