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PAniICULAR DO REINO DE PORirOAÍ. 69<br />
rão certas indulgências a quem visitasse este Convento : <strong>de</strong>via ser, ao<br />
que parece, com tenção <strong>de</strong> se ajudar a obra com esmolas dos <strong>de</strong>votos.<br />
E nas letras que passarão o nomeao por Convento <strong>de</strong> par <strong>de</strong> Tuy.<br />
Passados cincoenta annos, achavâo-se os Religiosos todavia <strong>de</strong>sacom-<br />
modados por ser mui estreito o lugar, e não terem meio pêra se alargar,<br />
respeito da visinhança do muro. E como <strong>de</strong>sd o principio da Or<strong>de</strong>m<br />
nos acompanhou sempre o trabalho <strong>de</strong> mudar casas, e provar sitios,<br />
segundo se po<strong>de</strong> ver polo que temos escrito, na hora que houve occa-<br />
sião <strong>de</strong> melhorar, nem estranharão tomar o fato ás costas, nem tardarão<br />
em o passar a outra parte. Pareceo lugar a propósito huma Igreja, e<br />
<strong>Fr</strong>eguezia antiga situada na borda do rio, quasi sobre o cães da <strong>de</strong>sem-<br />
barcação, com praça, e lugar espaçoso. Era annexa á dignida<strong>de</strong> do Mes-<br />
tre Escola da Sé: e a invocação <strong>de</strong> S. João Teiçon. Pedio-se, e alcançou-se<br />
por industria do Doutor <strong>Fr</strong>ei João Uodriguez, e dos mais Padres Con-<br />
ventuaes da cida<strong>de</strong>, cujos nomes erão <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco <strong>de</strong> Bragantinos,<br />
<strong>Fr</strong>ei Pedro <strong>de</strong> Pontevedra, <strong>Fr</strong>ei João <strong>de</strong> Camões, e <strong>Fr</strong>ei <strong>Domingos</strong> <strong>de</strong><br />
Valença. Foi feita ermida morta, e renunciada polo Mestre Escola, e con-<br />
cedida polo Bispo, e seu Cabido, pêra eífeito <strong>de</strong> se tresladar a ella o<br />
novo Mosteiro. Chamava-se o Bispo dom Diogo <strong>de</strong> Muros. Ilouve-se logo<br />
licença do Pontífice, que era João vigésimo segundo. E d este tempo em<br />
diante lhe dá sua antiguida<strong>de</strong> a Historia geral da Or<strong>de</strong>m, sem embargo<br />
que confessa ser mais alta, polo que se collige da tresladação, e da nar-<br />
rativa do Breve Romano.<br />
Ainda que a negoceação, e industria da mudança foi <strong>de</strong> tantos, a <strong>de</strong>s-<br />
pesa e trabalho do ediíicio tomou só pêra si o Padre <strong>Fr</strong>ei <strong>Domingos</strong> <strong>de</strong><br />
Valença, da fazenda <strong>de</strong> Durança Pires, sua prima, que a <strong>de</strong>u com gosto,<br />
ajuntando á doação vestir também o habito <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>eira terceira da nossa<br />
Or<strong>de</strong>m, pêra a qual, por lhe não ficar cousa por dar, <strong>de</strong>u também hum<br />
filho, que n'ella foi pessoa <strong>de</strong> tanta importância, que veio a ser Provin-<br />
cial <strong>de</strong> toda Espanha. Era esta dona natural da villa <strong>de</strong> Valença, e fora<br />
molher <strong>de</strong> hum honrado morador d'ella, por nome Ruy Loi)es, e o filho<br />
se chamou <strong>Fr</strong>ei Martinho <strong>de</strong> Valença. Ambos, mãi e filho estão sepulta-<br />
dos no Capitulo do Convento, em sepulturas altas. Ella tem por cuberta<br />
do moimento huma figura inteira <strong>de</strong> fieira, lavrada <strong>de</strong> relevo na pedra,<br />
em sinal do habito que tomara, com huma letra (jue o <strong>de</strong>clara, e diz:<br />
*Esta lie Durança Perez <strong>Fr</strong>ctjra <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong>.» A sepultura do Pro-<br />
vincial está também autorizada com sua figura <strong>de</strong> fra<strong>de</strong>, esculpida no