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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PAKTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 265<br />

palmos por cada testa. Cada nave tem sua abobada por si. As aboba-<br />

das, pilares, e pare<strong>de</strong>s são tudo cantaria, assentada com tanto primor, o<br />

cuidado, que quasi querem enlear os olhos as junturas, mas se se <strong>de</strong>i-<br />

xao enxergar, porque nâo podia ai ser, he tão sem oííensa da arte, que<br />

diílicultosamente se divisa n'ellas sinal <strong>de</strong> cal. A grossura das pare<strong>de</strong>s<br />

he como a das bases dos pilares, <strong>de</strong> doze palmos por todo. A pedraria<br />

he lavrada toda do maior polimento, que a arte usa, salvo <strong>de</strong> brunido,<br />

e lustrado. A calida<strong>de</strong> da pedra toda huma, e não <strong>de</strong>ve haver ém toda<br />

Espanha outra melhor pêra semelhantes edifícios : porque quanto á còr<br />

tem hum estremo <strong>de</strong> alvura, e quanto á fortaleza he bastante dura, sem<br />

ser <strong>de</strong>masiado áspera ao lavrar. Mostra-se huma, e outra cousa em que<br />

passando já <strong>de</strong> duzentos annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> o edifício, nem na gastão o dis-<br />

curso, e injurias do tempo, nem o que lhe tem trocado da alvura lhe<br />

tira muito da primeira graça. E acontece-lhe n'esta parte o mesmo que<br />

ao rosto <strong>de</strong> hum homem, que foi muito alvo, que por muito que se quei-<br />

me, e curta da força do sol, e do ar, nunca no queimado per<strong>de</strong> <strong>de</strong> to-<br />

do o sinal das primeiras cores. Assi esta pedra vai tirando com a anti-<br />

guida<strong>de</strong> a hum tostado nada <strong>de</strong>sengraçado, e não a pardo nem escuro,<br />

ou <strong>de</strong>negrido, como vemos em outros géneros <strong>de</strong> pedra.<br />

O cruzeiro tem <strong>de</strong> largo trinta palmos, que respon<strong>de</strong> ao justo á quin-<br />

ta parte <strong>de</strong> todo o seu comprimento, que he <strong>de</strong> cento e cincoenta. As<br />

pare<strong>de</strong>s do corpo do templo são todas lisas, e cheas, não vasadas nem<br />

cortadas (como he ordinário em outros) com numero <strong>de</strong> Gapellas. So-<br />

mente na entrada da porta principal se abre á mão direita hum gran<strong>de</strong><br />

arco pêra huma fermosa quadra, da qual diremos adiante. A frontaria<br />

do cruzeiro a hum, e outro lado da Gapella mór está dividida em qua-<br />

tro Gapellas duas por cada banda. A primeira, e mais vizinha á sacristia<br />

he <strong>de</strong>dicada a Santa Barbara, e jaz n'ella em huina sepultura baixa hum<br />

Gar<strong>de</strong>al, <strong>de</strong> cujo nome, e sangue se per<strong>de</strong>o a memoria : tem-se por cer-<br />

to seria chegado á casa Real. A segunda he do nossa Senhora do Rosário.<br />

Ve-se n'ella hum bem lavrado moimento alto, em que el-Rei dom<br />

Affonso quinto mandou tresladar a Rainha dona Isabel sua molher, que<br />

faleceo em Évora no anno <strong>de</strong> 1455. A terceira, que he coUateral á Ga-<br />

pella mór da parte da Epistola, tem a vocação <strong>de</strong> Nossa Senhora da Pieda<strong>de</strong>,<br />

e n'ella está <strong>de</strong>positado o corpo <strong>de</strong>l-Rei dom João o segundo. A<br />

quarta <strong>de</strong>u o autor <strong>de</strong> toda a obra ao gran<strong>de</strong> Mestre <strong>de</strong> Ghristo dom<br />

Lopo Dias <strong>de</strong> Sousa, que n"cUa jaz sepultado, lugar bem merecido dy

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