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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PAUTICULAU DO REINO DE POUTUGAL 1107<br />

que tinha vtda, corno a santa velha logo contou, c o succcsso coníirmou.<br />

D'aqui ficaremos facilmente crendo alguns insultos, que o diabo lhe fa-<br />

zia, ainda que nâo passavão <strong>de</strong> huns leves escarneos, porque nâo tinha<br />

licença pêra maior vingança. Entre outros sentio huma noite, estando<br />

rezando junto do leito, que lhe tiravâo polo Rosário, que na mão tinha<br />

apertou <strong>de</strong>pressa a mão, e com toda a força ; mas não lhe valeo contra<br />

a do enemigo, sendo tanta a que poz polo sustentar, que lhe íicarão as<br />

unhas assignaladas nas palmas. Bem enten<strong>de</strong>o d'on<strong>de</strong> lhe vinha o tiro,<br />

e o que pcrtendia quem lh'o fizera : trazia outras contas ao pescoço, aca-<br />

bou por ellas o que lhe restava, a pesar <strong>de</strong> quem lh'as roubara. No dia<br />

seguinte chamou humas dicipulas, fes <strong>de</strong>smanchar a cama, e revolver o<br />

leito, a ver se topava com as contas furtadas. Gomo as não achou, e<br />

passarão mais quatro dias, foi-se diante da imagem <strong>de</strong> Nossa Senliora<br />

do Rosário, queixou-se, e pedio-lhe que mandasse ao enemigo lhe fizes-<br />

se restituição do furto ; que tinha <strong>de</strong>vação, e amor áquelle Rosário (<strong>de</strong>-<br />

via ler n^elle contas bentas <strong>de</strong> Roma, e <strong>de</strong> indulgências em favor das<br />

almas, como he ordinário.) Forão testimunhas algumas noviças das mes-<br />

mas, que tinhão revolvido cama, e leito havia quatro dias, sem o po<strong>de</strong>rem<br />

achar, que logo <strong>de</strong>spois doesta queixa <strong>de</strong>rão com elle em cima da<br />

mesma cama. Era a Madre tão digna <strong>de</strong> credito, e tão fora <strong>de</strong> todo gé-<br />

nero <strong>de</strong> jactância em cousa sua, que seu simples dito pu<strong>de</strong>ra igualar<br />

gran<strong>de</strong>s te&timunhos.<br />

Mas o que mais espanta he, qne nem a força <strong>de</strong> annos muito creci-<br />

dos, nem <strong>de</strong> doenças, com que elles a forão quebrantando, bastava p€ra<br />

amainar no fervor, e continuação <strong>de</strong> estar sempre unida com Deos oran-<br />

do. Mandando-lhe a Prelada, por lastima do que trabalhava, que ficasse<br />

do coro : fazia coro do leito, e era ordinário n'ella perseverar na ora-<br />

ção até ouvir a meia noite, e então tomava hum pouco <strong>de</strong> repouso. Sua<br />

humilda<strong>de</strong> era tal que <strong>de</strong>cia por ella tanto, quanto subia pola oração*<br />

Tinha-se em sua opinião, e palavras pola maior peccadora do mundo<br />

e tudo o que fazia julgava por nada, e dizia que se alguma cousa tra-<br />

balhava, era porque se não per<strong>de</strong>sse huma abia remida com o sangue<br />

<strong>de</strong> Christo. A charida<strong>de</strong> com pobres, e com enfermas chegava-a muitas<br />

vezes a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comer <strong>de</strong> todo. Assi esmaltava esta virtu<strong>de</strong> com es-<br />

treita abstinência : gracioso esmalte pêra os olhos Divinos, e gran<strong>de</strong> exem-<br />

plo pêra todos os charidosos. Nos lugares das Gommunida<strong>de</strong>s não faltou<br />

nunca em quanto teve forças pêra andar : e se lhe dizião, que lhe faria<br />

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