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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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244 LIVRO \1 DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

zes, e quantas sestas feiras. Era este hum exercício, que todo o Mos-<br />

teiro sabia, que ella costumava a fazer, como correndo as estações <strong>de</strong><br />

Roma, ou visitando os lugares santos <strong>de</strong> Jerusalém. Em fim cessou a<br />

batalha, ficando todas mui compungidas na consi<strong>de</strong>ração da pureza d'a-<br />

quella alma, que a todas era notória, e do rigor da residência, que por<br />

seus olhos lhe virão tomar. Mas ella ficou cheia <strong>de</strong> alegria, como quem<br />

cantava vitoria : e <strong>de</strong>scançando hum pouco, foi receber a coroa, e <strong>de</strong>s-<br />

cançar pêra sempre.<br />

CAPITULO VIÍ<br />

<strong>Da</strong>s 3Jkdrcs Sor Brazia Annes, e Sor Joanna da Gloria.<br />

A Madre Brazia Annes foi mojher <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> oração, e particularmente<br />

amiga <strong>de</strong> ajudar com ella as almas do fogo do Purgatório: santa, e mui<br />

christã, e piadosa <strong>de</strong>vação. Costumava sempre que podia, ganliar por<br />

mão ao relógio nas horas <strong>de</strong> Matinas, pêra entrar n'ellas com mais es-<br />

pirito, pedindo-o com profunda humilda<strong>de</strong> ao Divino Sacramento, diante<br />

do qual se prostrava aqnelle espaço. Indo huma noite pêra entrar no<br />

Coro, segundo seu bom costume, sentio que se rezava <strong>de</strong>ntro: ficou so-<br />

bresaltada, culpando-se não só <strong>de</strong> faltar na sua hora, e exercido, m^as<br />

<strong>de</strong> não ter ouvido sinos, nem taboas. Entrou, e foi acompanhando as<br />

que rezavão. Acabada a reza, vio que se forão sahindo huma, e huma, e<br />

notou, que em lugar <strong>de</strong> irem pêra o dormitório, encaminhavão todas<br />

pola escada abaixo. Pareceo-lhe novida<strong>de</strong>, quiz enten<strong>de</strong>r a que hião, o<br />

vio que chegando ao lugar das sepulturas se forão sumindo n'ellas, o<br />

<strong>de</strong>sapparecendo. Não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> causar pavor tão estranha vista em<br />

qualquer animo, por mui varonil, e esforçado, que fora: tal ficou Sor<br />

Brazia, que cahio em terra esmorecida, e assi esteve até que soando os<br />

sinos da meia noite, cobrou animo, e alento pêra se po<strong>de</strong>r levantar, o<br />

recolher. Mas servio-lhe- o successo pêra duas cousas: primeira pêra ser<br />

mais continua na oração, que fazia polas almas: segunda pêra per<strong>de</strong>r o<br />

medo a visões nocturnas, e a outras fantasmas, com que o <strong>de</strong>mónio começou<br />

a perseguil-a. Erão muitos, e vários os géneros <strong>de</strong> inquietações,<br />

que lhe dava. Porém quantas mais erão em numero, e força, menos ca-<br />

so fazia d'elle, e <strong>de</strong>lias, havendo-as por jogo <strong>de</strong> mininos.<br />

Huma noite, que sendo já muito velha, se lhe poz diante com vista<br />

horrenda e fera, a tempo que andava com hum hysope do agoa benta

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