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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL i25<br />

com lagrimas por todo o Convento, e particularmente com <strong>Fr</strong>ei André<br />

o que acabamos <strong>de</strong> contar, que ouvira aílirmar ao Santo <strong>Fr</strong>ei Pedro ha-<br />

via tantos annos : e chamou pêra testemunha a <strong>Fr</strong>ei Thomas Cruzado,<br />

que então era Sacristão, e se achara presente, quando <strong>Fr</strong>ei Pedro com<br />

gran<strong>de</strong> energia aíTirmava, que n'aquelle sitio havia <strong>de</strong> ser sepultada a<br />

boa velha sua mãi. Cousa que <strong>Fr</strong>ei André nâo soubera, nem enten<strong>de</strong>ra<br />

nunca. E assi ficou havida por famosa profecia, entre as outras que <strong>de</strong><br />

<strong>Fr</strong>ei Pedro se contavâo.<br />

Esta foi cumprida <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> sua morte, mas em sua vida lhe ouvi-<br />

rão outra todos os Religiosos, que causou mais espanto, e mais pavor<br />

e foi que havia <strong>de</strong> dar peste na cida<strong>de</strong> com terrível contagião, e d*ella<br />

haviâo <strong>de</strong> morrer no Convento sete <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s. E na pontualida<strong>de</strong> com que<br />

<strong>de</strong>spois virão que passou tudo sem discrepar em nada, reconhecerão por<br />

divina a revelação.<br />

Mas nâo he maravilha dar Deos noticia das cousas da terra a este seu<br />

servo, quando pêra as do Ceo lhe abria os olhos. Bastante indicio he o<br />

que atrás contamos na morte do santo velho <strong>Fr</strong>ei Fernando Amado, em<br />

que vimos que querendo a Mãi <strong>de</strong> Deos com sua presença consolar na<br />

ultima hora a seu <strong>de</strong>voto, e assistindo com elle <strong>Fr</strong>ei Pedro, e juntamen-<br />

te hum rebanho <strong>de</strong> noviços mininos como cor<strong>de</strong>irinhos, que <strong>Fr</strong>ei André<br />

<strong>de</strong> Resen<strong>de</strong> aífirma, que sendo por todos <strong>de</strong>zoito, nenhum d'elles passa-<br />

va <strong>de</strong> treze annos : com tudo em nenhum houve luz pêra alcançar a di-<br />

vina visão mais que n'elle, e no enfermo. Gran<strong>de</strong> sinal que também a sua<br />

innocencia se aventajava a tão tenras ida<strong>de</strong>s, e em tantos sujeitos. Decla-<br />

ra o mesmo <strong>Fr</strong>ei André que elle, .e <strong>Fr</strong>ei António Farto, que ambos erão<br />

do numero d'estes noviços, cantavão os hymnos quando a Senhora apa-<br />

receo, e dizião juntos hum verso, porque concertavão bem, e todos os<br />

mais respondião com outro. Tudo o que mais po<strong>de</strong>mos contar <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei<br />

Pedro fica muito abaixo <strong>de</strong> tamanha honra como esta foi do Ceo. Com<br />

tudo, pêra gloria <strong>de</strong> Deos, diremos mais duas cousas, das quaes huma<br />

he manifesto milagre, e a outra tem muito <strong>de</strong> milagrosa. Era polo estio,<br />

Évora he terra calmosa. Tini ia o Prior dado cargo a <strong>Fr</strong>ei Pedro que pêra<br />

a hora que os Padres quizessem entrar á meza, tivesse os jarros cheios<br />

<strong>de</strong> agoa fresca, tirada d^aquella hora do poço. Era cousa precisa, e que<br />

havia mister não discrepar momento : succc<strong>de</strong>o hum dia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sol<br />

recrecer tanta occupação na portaria, que não a po<strong>de</strong>ndo vencer até ao<br />

ponto que era necessário acodir com a agoa, entrou o Prior polo refei-

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