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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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250 LIVRO VI DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

não acautelava tanto, como das outras <strong>Fr</strong>eiras; accusou-a á Prioressa, por-<br />

que sabia que nenhum outro remédio valeria. Em fim tirou o cilicio por<br />

obediência, e com dores dobradas : humas polo tormento, que lhe dava<br />

<strong>de</strong>saferral-o da carne, que <strong>de</strong> muito atrás tinha atenazada : outras polo<br />

que sentia não acompanhar com mais aquella mortificação os tormentos<br />

do bom Jesu. Mas ficou-lhe em lugar do cilicio huma perseguição infer-<br />

nal do tentador das almas, que como era noite lhe aparecia, e se atre-<br />

via a pôr em pratica a quem com tanta perfeição vivia, não menos que<br />

<strong>de</strong>sesperação da misericórdia <strong>de</strong> Deos (gran<strong>de</strong> ponto pêra nos abrir os<br />

olhos, e cuidarmos que fará, e quão atrevido será com os que somos<br />

fracos, e peccadores quem assi acomette a gente santa) algumas vezes<br />

lhe ouvirão dizer as Religiosas, que dormião perto, estas palavras : Mal-<br />

dito, vai4e ao inferno, a que estás con<strong>de</strong>nado pêra sempre ; que por muito<br />

que faças, não <strong>de</strong>ixarei nunca <strong>de</strong> dar graças a meu Deos polas gran<strong>de</strong>s<br />

mercês que me faz em me dar doenças^ e dores, que tantos annos lhe<br />

pedi.<br />

Quando a importunação crecia usava do mesmo remédio, que a Ma-<br />

dre Isabel d'Abreu ; chamava por sua sobrinha, ou qualquer outra <strong>Fr</strong>ei-<br />

ra, e como tinha companhia ficava em paz. Costumava a dizer muitas ve-<br />

zes, que na festa <strong>de</strong> Natal havia <strong>de</strong> morrer : e veio dar fim a seus tra-<br />

balhos na primeira Oitava, e ultima hora d'ella, quando já se tangia o<br />

primeiro <strong>de</strong> matinas <strong>de</strong> S. João Evangelista, mas não nos constou em que<br />

anno. Pouco antes que espirasse advertio as enfermeiras, que era tempo<br />

<strong>de</strong> fazerem sinal pêra se juntar a Gommunida<strong>de</strong> como he costume na<br />

Rehgião: e <strong>de</strong>u por rezão que estava alli o Minino Jesu, que a queria<br />

levar comsigo.<br />

CAPITULO IX<br />

<strong>Da</strong>s Madres Sor Caterina <strong>de</strong> Soagoa, Sor Breitriz Rabella,<br />

e Sor Isabel Affonso.<br />

A Madre Sor Caterina <strong>de</strong> Soagoa passou toda a vida em rigor <strong>de</strong> pe-<br />

nitencias, ^ fervor <strong>de</strong> oração ; e com taes azas tintas, e variadas <strong>de</strong> fer-<br />

mosas cores <strong>de</strong> todas as outras virtu<strong>de</strong>s, voou pêra as moradas eternas.<br />

Nunca <strong>de</strong>spois que tomou o habito comco carne, nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> dor-<br />

mir vestida, e apertada, e composta como andava <strong>de</strong> dia ; e era o leito<br />

huma taboa seca, <strong>de</strong>sacompanhada <strong>de</strong> todo o género <strong>de</strong> roupa, ou ou-

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