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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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II LIVRO IV DA IIISTOUIA DE S. DOMINGOS<br />

concurso <strong>de</strong> enfermos que a visiíâo, e <strong>de</strong> suos que vem comprir nove-<br />

nas: não só das terras vizinhas, mas d'outras muito apartadas : tanto <strong>de</strong><br />

Portugal, como <strong>de</strong> Gastei la : e lie tal o successo, que o exemplo dos que<br />

recebem saú<strong>de</strong>, faz continuar a <strong>de</strong>vação nos doentes <strong>de</strong> todo género <strong>de</strong><br />

mal, sendo o principal patrocinio do Santo contra as maleitas, doença<br />

geral do povo, e dos pobres, que mata com febres, e frios, e fazem Imma<br />

semelhança das penas do Inferno : d*OD<strong>de</strong> lhe quadra o nome do ma-<br />

leitas, quasi dizendo malditas, como he tudo o do Inferno. Affirmão os<br />

antigos que nos tempos atrás estava tão confirmado o credito da casa<br />

polo beneficio que n'ella se achava, que se contentava a simplicida<strong>de</strong>, o<br />

l3om espirito dos romeiros com levarem consigo, quando se tornavão,<br />

das cortiças da sovereira : e tal havia que se não satisfazia cora menos<br />

qiíe cortar d'ellas, como <strong>de</strong> relíquias santas, com os <strong>de</strong>ntes. E contão<br />

por cousa certa que em tempos, que havia curiosida<strong>de</strong> pêra se porem<br />

os casos por escrito, se justificarão muitos em numei^o, e raros em ca-<br />

lidadé, <strong>de</strong> que havia pergaminhos, que o <strong>de</strong>scuido, e antiguida<strong>de</strong> foi<br />

acabando. Todavia conservou alguns em tradição a estranheza d'elles, e<br />

huma pintura que ainda dura no retabolo do altar, que como em outros<br />

successos antigos temos mostrado, sempre suprio bem as faltas da es-<br />

critura. Diremos somente dous <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> maravilha, e por ella bem di-<br />

gnos <strong>de</strong> memoria : hum que celebra a tradição ; outro que autorizão as<br />

pinturas.<br />

O primeiro he, que veio a quebrar a sovereira com annos, e velhice<br />

<strong>de</strong> podre, e carcomida ; e caindo toda sobre a Ermida com peso bastante<br />

pêra arruinar huma torre, nem huma só telha quebrou : gran<strong>de</strong> respei-<br />

to, e gran<strong>de</strong> caso.<br />

No segundo, que consta da pintura, por ser muito extraordinário,<br />

se fizerão algumas diligencias jurídicas por parte <strong>de</strong> quem isto escrevia,<br />

supérfluas todas a meu ver (se he supérfluo averiguar verda<strong>de</strong>s com<br />

muita exacção) e todas conformarão com o memorial da pintura, e da<br />

tradição universal, que todavia se mantém viva entre os moradores ; e<br />

testimunha o seguinte. Reinando em Portugal el-Rei dom Affonso Terceiro,<br />

que foi Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, succe<strong>de</strong>o cair em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Mouros hum<br />

homem natural <strong>de</strong> Penamacor. Escureceo o tempo as particularida<strong>de</strong>s do<br />

nome, e calida<strong>de</strong>s da pessoa, e da occasião, e lugar do cativeiro. Era o<br />

tratamento do amo, mais <strong>de</strong> enemigo, e tyranno, que <strong>de</strong> amo, e senhor.<br />

Poríjue sendo o pobre, cativo seu, o fazenda sua, assi se <strong>de</strong>leitava cm

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