Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

niO UVnO VI DA HISTORIA DE S. DOMINT.OS
Lourenço Corioiro, que fizera os ditos cirios, quanto posa vão, disso que
pesarão seis livras. E com este dito se veio a nós onde éramos no Mos-
teiro de Santa Maria da Graça, da Ordem de Santo Agostinho, com o dito
senhor Rei, em companhia da procissão, que*ordenada he cm cada hum
anno fazer-se em louvor da Virgem da Graça, por a vitoria da batalha
Real, que cila quiz demostrar, e dar ao dito Rei dom João: referendo-
nos o que dito he, mandando-lhe que fizesse vir perante nós o dito
Gerieiro, o qual veio, e dentro na Sacristia da dita Igreja, presente os
sobreditos, demos juramento sobre os Santos Evangelhos ao dito Geriei-
ro que dissesse a verdade: o qual polo dito juramento disse, que quan-
do entregara os ditos seis cirios com vinte e quatro tochas, que os círios
pesavão seis livras, e as tochas oito arrobas : e que o acharião escrito
no livro do peso publico do Goncelho, hu Ibrão pesados, e escritos no
livro da imposição da cera; e ainda escrito por João Alvares escrivão do
Ihesouro do dito senhor Rei: os quaes seis cirios feitos polo dito Cerieiro
assi queimados, e presente nós, e as ditas pessoas pesarão seis livras e
meia : e mandámos pesar as tochas, e referido o peso por pessoas dignas
de fé, e polo dito Cerieiro, e oíficiaes que pesarão as queimadas as ditas
oito arrobas, como pesavão antes que acesas fossem. E visto por nós
todo esto, com acordo do nosso Gabido, e com Doctores, e Letrados, e
outros virtuosos, e entendentes pessoas que presentes erão, conckidimos
ser feito esto miraculosamente por o muito alto Deos, por petitório de
sua Madre Virgem gloriosa, cujo devoto servidor o dito Rei sempre foi.
E em testimunlio d'ello mandamos tanger todos os sinos da dita cidade.
Sendo a nós pedidas cartas testimunhaveis, as quaes lhe mandamos dar
de nosso sinal, e sello: e a mim dito Notário pedidos hum, e muitos es-
tromentos. Testimunhas que a esto presentes forão os nomeados no dia,
mez, e anno sobredito. E eu dito Álvaro AíTonso, Notário publico por au-
toridade Real em a dita cidade, que este estromento escrevi por manda-
do, e requerimento do dito senhor Arcebispo, e dou minha verdadeira
fé que se passou presente mim o que si sohe, como em este estro-
mento se contém. Tíão seja duvida o respansado, que diz, com o dito
senhor Rei em companhia da procissão que ordenada he em cada hum
anno fazer-se em louvor : que eu dito Notário o corregi ao concertar. E
porém em testimunho de verdade assinei aqui por minha mão do meu
publico sinal que tal he.»