17.04.2013 Views

Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

i20 LIVRO V DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

Muito espantava a todos o pouco medo que <strong>Fr</strong>ei Pedro havia <strong>de</strong> fan-<br />

tasmas, e visões nocturnas: mas a alguns fazia maior espanto hum cos-<br />

tume, que n'elle era tâo ordinário, que por nenhuma occupação o perdia.<br />

Falecendo algum <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong> no Convento, todos os dias que se usa na Or<strong>de</strong>m<br />

dizer-se por elle responso cantado sobre a sepultura <strong>de</strong>spois das<br />

graças ao jantar, outros tantos era a tal sepultura cama <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei Pedro:<br />

sobre ella jazia toda a noite em oração continua polo <strong>de</strong>funto, <strong>de</strong>spois<br />

d.3 lhe acodir com a obrigação, que pola Or<strong>de</strong>m tem os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s leigos.<br />

Este modo <strong>de</strong> vida o tinha tão acreditado por toda a Província, e espe-<br />

cialmente na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora, que <strong>de</strong> todos era havido por Santo, e a<br />

gente que estimava sua salvação, <strong>de</strong>sejava ter parte em suas orações.<br />

D'aqui naceo, que falecendo em Évora dom Fernando <strong>de</strong> Castro, que<br />

chamavão por sobrenome o Magro, avó do Senhor Arcebispo, qne hoje<br />

he <strong>de</strong> Lisboa dom Miguel <strong>de</strong> Castro, sua molher que era huma senhora<br />

muito religiosa, e amiga <strong>de</strong> Deos, <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> fazer por sna alma todos<br />

os suíTragioa que era obrigada, <strong>de</strong>sejou que também <strong>Fr</strong>ei Pedro polo que<br />

sabia <strong>de</strong> sua virtu<strong>de</strong> lhe <strong>de</strong>sse <strong>de</strong> suas orações : e pêra o obrigar mandou<br />

pedir a <strong>Fr</strong>ei Lopo Soares, que era Prior do Convento, acabasse com<br />

oUe sem força que fosse visital-a a sua casa. O que n'isto succe<strong>de</strong>o, que<br />

he cousa digna <strong>de</strong> se saber, diremos no capitulo seguinte.<br />

CAPITULO VII<br />

<strong>Da</strong> opinião que commummente havia da santida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei Pedro;<br />

e quanto caso se fazia <strong>de</strong> suas orações.<br />

Como <strong>Fr</strong>ei Pedro tinha o ofíicio <strong>de</strong> Porteiro, e era velho não sahia<br />

nunca <strong>de</strong> casa, e <strong>de</strong>spois que na terra o tinhão por Santo, havia menos<br />

rezão pêra andar por fora. Por on<strong>de</strong> os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s receosos <strong>de</strong> que se po-<br />

<strong>de</strong>sse cuidar, que folgavão <strong>de</strong> assoalhar sua santida<strong>de</strong>, duvidavão em o<br />

mandar a casa d 'esta Senhora, como homens pouco amigos <strong>de</strong> engran-<br />

<strong>de</strong>cer cousas próprias, e contrários a todo género <strong>de</strong> vangloria, e hypo-<br />

crizia. E tal era o parecer dos Religiosos velhos, e discretos da casa.<br />

Mas fez ella tantas instancias (como as m-olheres são efíicazes no que em-<br />

pren<strong>de</strong>m, e mais no que apetecem) que se não po<strong>de</strong> o Prior <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r,<br />

e mandou a <strong>Fr</strong>ei Pedro que por mérito da santa obediência acompanhasse<br />

ao Padre <strong>Fr</strong>ei Álvaro Men<strong>de</strong>s que mandava fora, sem lhe <strong>de</strong>clarar outra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!