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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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316 uvno VI DA HisTomA <strong>de</strong> s. domingos<br />

\âo estes Bárbaros contra Ghristâos. Morriâo infinitos em todos os aco-<br />

metimentos ás mãos dos Portugueses, mas nunca se sintia falta n'elles,<br />

e os nossos liiâo diminuindo tanlo á pressa, que tudo erão mortos no<br />

arraial : e como lie ordinário na guerra, acabavão os melhores, e does-<br />

tes estava lambem gran<strong>de</strong> multidão inútil, Imns <strong>de</strong> feridas, e outros <strong>de</strong><br />

doenças. Âssi foi o negocio dando volta, e mostrando tâo differente rosto,<br />

que começou a entrar <strong>de</strong>sconfiança entre os nossos. Porque sobre os<br />

assaltos que a toda hora recebião dos Mouros, sem terem momento li-<br />

vre pêra repousasr <strong>de</strong> dia nem <strong>de</strong> noite, succe<strong>de</strong>ndo huns a outros, e<br />

acodindo sempre gente nova, e <strong>de</strong> refresco forão faltando mantimentos,<br />

ou porque não lançarão em terra quantos erão necessários pêra hum<br />

cerco dilatado, ao <strong>de</strong>sembarcar: ou porque fizerão conta <strong>de</strong> os haver<br />

por seu braço, como lhes tinha acontecido em Ceita. E he mais <strong>de</strong> es-<br />

pantar a falta, porque <strong>de</strong> quatorze mil combatentes, que por livro em-<br />

barcarão em Lisboa, erão consumidos n*estas brigas, e trabalhos a maior<br />

parte. Vendo-se os Infantes n'este aperto, e que não estavão em termos<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r esperar bom successo da empresa <strong>de</strong>tendo-se : e se quizessem<br />

retírar-se, como pedia o estado das cousas, não era possível embarcar<br />

sem evi<strong>de</strong>nte risco <strong>de</strong> se per<strong>de</strong>rem todos : porque em pouco mais <strong>de</strong><br />

hum mez estavão reduzidos a lermos que não havia mais <strong>de</strong> )res mil<br />

homens que po<strong>de</strong>ssem tomar armas : assentarão por ultimo remédio tra-<br />

tar <strong>de</strong> algum meio <strong>de</strong> paz. Era Senhor <strong>de</strong> Tangere Salabensala, que<br />

ainda que se via livre do perigo primeiro, e linha por certo que dos<br />

nossos lhe não escaparia homem com vida, <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>u ouvidos<br />

ao trato, com os olhos na honra que ganharia entre os Mouros se alcan-<br />

çasse por este meio a restituição <strong>de</strong> Ceita. Juntou-se esta cobiça com a<br />

nossa necessida<strong>de</strong> : foi fácil o acordo. Asscntou-se que o exercito Por-<br />

tuguez, ou relíquias d"elle, se embarcasse com ai'mas, e munições, o<br />

bagagem: com partido que a* cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ceita se entregaria, ficando em<br />

po<strong>de</strong>r do Mouro pêra fiador hum dos hífantes : e Salabensala daria hum<br />

lillio pêra segurança da embarcação dos nossos : em<br />

troco do {|ual li-<br />

carião por airefens em po<strong>de</strong>r dos Mouros quatro fidalgos. Fizerão-se as<br />

capitulações <strong>de</strong> parte a parte com muitas lagrimas do povo, mas com<br />

gran<strong>de</strong> animo do hífante dom Fernando, que por salvar a todos, e a pes-<br />

soa <strong>de</strong> seu irmão, não só se offereceo <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>, mas com alegria.<br />

Veio tomar entrega d'çlle, e dos fidalgos Salabensal;\ rebentando <strong>de</strong> so-

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