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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PAUTICrLAn DO REINO DE PORTUGAL 41<br />

maiores. Mas que sobre tudo queria saber a vonta<strong>de</strong> do povo, porque a<br />

primeira or<strong>de</strong>m que trazia era não começar nada sem seu beneplácito.<br />

Sendo entendida a proposta, nâo <strong>de</strong>rão lugar a que fosse o Prior com<br />

a pratica adiante, mas levantou toda a Igreja huma voz <strong>de</strong> alegria, dando<br />

graças a Deos que os trazia, e ao Prelado que os mandava, e a elles<br />

que vinhão, e certificando que todos estavao prestes pêra ajudar a obra.<br />

Decido do púlpito achou o Prior nos que d'antes o não tinhão visto, a<br />

mesma boa sombra, e cortesia, dando-lhe animo, e promettendo que<br />

não faltaria nada na terra pêra terem muito brevemente bum fermoso<br />

Convento: porque nenlmma havia em todo entre Douro, e Minho mais<br />

obrigada aos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong> pola memoria <strong>de</strong> dous tão gran<strong>de</strong>s<br />

Santos, como S. Pêro Gonçalves, e S. Gonçalo, que n'ella havião vivido,<br />

tratado, e conversado como naturaes.<br />

Tratou-se no mesmo dia em se buscar sitio : e apontando huns, e<br />

outros em diííerentes postos, atalhou as duvidas João Pires Arrudo,<br />

pessoa principal da vida, oíferecendo pêra principio do Convento humas<br />

boas casas suas. Sendo aceitadas, parecia que só hum inconveniente ti-<br />

nhão, o qual era estarem na parte mais povoada da vil ia ;<br />

porque era <strong>de</strong><br />

crer que haveria contradição, ou diíTiculda<strong>de</strong> em se largarem as que mais<br />

fossem necessárias pêra a fabrica. Mas foi Deos servido <strong>de</strong> facilitar tudo<br />

<strong>de</strong> maneira, que antes alguns <strong>de</strong>rão liberalmente o que por alli possuião.<br />

Outros, por não serem vencidos em cortezia, ou davão dinheiro pêra se<br />

comprarem as proprieda<strong>de</strong>s que erão necessárias pêra largueza do Con-<br />

vento ;<br />

ou offerecião outras pêra se trocarem com os que não quizesscm<br />

ven<strong>de</strong>r. Hum Cónego da Igreja Collegiada da villa, fidalgo honrado, a<br />

quem as memorias, que temos, chamão gran<strong>de</strong> homem, e era seu nome<br />

Pêro Soares, possuia huma terra vizinha das casas <strong>de</strong> João Pires, e em<br />

lugar mui accommodado pêra o Convento se esten<strong>de</strong>r até junto da fonte<br />

que chamão da Cuba. Esta pertencia juntamente a Maria Soares, sua ir-<br />

mão, com huma moenda que havia n'ella. Como souberão ambos o que<br />

passava na villa, não foi necessário serem rogados : dcrão-na livremente<br />

aos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, e <strong>de</strong>spois lhe fizerão outros gran<strong>de</strong>s bens, e esmolas, como<br />

diremos adiante. Outro Cónego <strong>de</strong> Braga, pessoa também nobre, chamado<br />

Gonçalo Gonçalves Peixoto, <strong>de</strong>u humas herda<strong>de</strong>s, e muito dinheiro<br />

<strong>de</strong> contado pêra ajuda da obra, sem mais encargo que pedir aos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s<br />

o encomendassem a Deos entre seus bemfeitores. Este Cónego querendo<br />

ajudar também com alguma cousa perpetua o Convento, porque não po-

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