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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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108 LIVRO V DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

santa, porque move, e acen<strong>de</strong> o exemplo que se' conta <strong>de</strong> perto com se<br />

apontar com o <strong>de</strong>do, e ver-se com os olhos a sepultura <strong>de</strong> quem o áeu.<br />

Iinportão também muito as relíquias, c ossos dos Santos: porque lie dti<br />

crer que suas almas no Geo mais particularmente <strong>de</strong>vem rogar polas<br />

terras, e silios em que ganharão como ás lançadas com seu trabalho es-<br />

sas Comendas da gloria celestial <strong>de</strong> que gozao. E d'aqui <strong>de</strong>ve naceraco-<br />

dir Deos a estas partes com mais influencias <strong>de</strong> sua divina graça. Nes-<br />

te Convento lie pratica da provinda, que se dão bem <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s leigos,<br />

l^orque ha longos annos que se vão continuando, e succe<strong>de</strong>ndo huns a<br />

outros alguns sogeitos <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> maciça, e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> conta. Dos mais<br />

íintigos pereceo a memoria particular: e fica sendo o primeiro pêra es-<br />

ta historia o Irmão <strong>Fr</strong>ei Pedro porteiro : que se o nomeáramos polo<br />

Santo <strong>Fr</strong>ei Pedro, não fizéramos temerida<strong>de</strong>: tal foi sua vida. Mas a an-<br />

tiguida<strong>de</strong> não he mais alta que a memoria <strong>de</strong> nossos pais.<br />

Nasceo <strong>Fr</strong>ei Pedro em hum lugar do termo da vilia <strong>de</strong> Aveiro, <strong>de</strong><br />

gente pobre, e humil<strong>de</strong>. Sendo moço, como a terra he <strong>de</strong> muita nave-<br />

gação, inclinou-se á vida do mar, e começou conforme á ida<strong>de</strong>, e po-<br />

breza a servir <strong>de</strong> grumete, que he como a primeira, e mais infima clas-<br />

se d'aquellas escolas. Despois <strong>de</strong> ter feito algumas viagens, olferecen-<br />

do-s»>lhe hunla que <strong>de</strong>via ser comprida, tratou do alforge da alma, como<br />

outros tratavão do corporal: foi-se ao Convento <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong> pêra re-<br />

ceber os Sacramentos da Confissão, e Communhão: aparelho que pola mi-<br />

sericórdia <strong>de</strong> Deos he mui costumado n'este Reino entre toda a gente<br />

do mar. Foi sua dita encontrar com hum Padre que havia nome <strong>Fr</strong>ei<br />

Antão, aventajado em espirito a muitos mui observantes, que aquebij<br />

Convento sempre criou, e então com mais ventagem criava, Este comi)<br />

tal conheceo no moço disposição, e sitio pêra se fundar n'elle bom edi-<br />

íicio <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> : porque no meio da ida<strong>de</strong>, em que fazem força continua<br />

os vicios do jogo, do interesse máo, dos juramentos, da gula, e luxuria,<br />

com pouca lembrança ás vezes <strong>de</strong> haver outra vida, achou no moço cui-<br />

dado <strong>de</strong> Deos, c da salvação, e a este modo o processo <strong>de</strong> seu viver.<br />

Teve lastima que levasse tal caminho huma alma tão composta, e pro-<br />

poz-lhe com boas rezôes, que o trocasse, e buscasse a Religião. Mas não<br />

foi necessário <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r muitas, achou-o pronto, e prestes, e duvidan-<br />

do só da parte dos Religiosos, da qual temia ser engeitado por inábil,<br />

porque não sabia ler. Muitos negócios acontece per<strong>de</strong>rem-se, por não ha-<br />

ver quem comece a movel-os. Alegre <strong>Fr</strong>ei Antão com o lanço, facilitou-

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