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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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94 LIVRO IV DA lIISTOniA DK S. DOMINGOS<br />

Quanto ao arco as letras sagradas nos ensinão(l), que foi dado porDeosao<br />

mundo em penhor, e sinal <strong>de</strong> que nâo afogaria a terra com segundo diluvio,<br />

cousa <strong>de</strong> que não podia ser fiadora a natureza. Que os cometas sejão pronos-<br />

tico <strong>de</strong> indinação do Ceo contra os peccadores, ninguém o po<strong>de</strong> teste-<br />

munhar com mais verda<strong>de</strong> que o Reino <strong>de</strong> Portugal. Bem o vimos no<br />

temeroso raio, que no anno <strong>de</strong> 577 estendido sobre Occi<strong>de</strong>nte com huma<br />

gran<strong>de</strong> cauda farpada em forma <strong>de</strong> açoute, pronosticou claramente o la-<br />

mentável fim da jornada <strong>de</strong>l-Rel dom Sebastião: principio das lagrimas<br />

que ainda hoje nuo estão enxutas n'este Reino, nem mostrâo esperança<br />

<strong>de</strong> enxugarem já mais. E todavia o arco, e os cometas proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong> causas na-<br />

turaes. Nem mais nem menos, sendo obra da natureza os pequenos lu-<br />

mes que se vem nas náos, po<strong>de</strong>m também ser milagroso indicio <strong>de</strong> fa-<br />

vor que Deos quer usar com os atribulados fieis seus servos, por merecimentos<br />

do fiel servo seu, e gran<strong>de</strong> Santo S. Pêro Gonçalves. Que<br />

se os <strong>de</strong>mónios por permissão Divina fazem algumas vezes maravilhas,<br />

que arremedão o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deos, como lemos que obrarão emEgypto(2):<br />

mais <strong>de</strong> crer he, que as fiiça o mesmo Senhor em honra, e credito <strong>de</strong><br />

seu Santo, ou or<strong>de</strong>ne, e man<strong>de</strong>, que as naturaes sejão como huns cor-<br />

redores, e embaixadores da pieda<strong>de</strong>, que quer usar com os atribulados.<br />

Quanto mais, que he cousa certíssima, que muitas vezes se <strong>de</strong>ixa ver o<br />

mesmo Santo em sua própria figura, como em dous exemplos mostramos<br />

atrás. E o que exce<strong>de</strong> todo encarecimento do muito que elLe vai<br />

com Deas, e nos prova com evi<strong>de</strong>ncia palpável serem estes lumes mi-<br />

raculosos, e sobre a natureza, he que <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecidos ficão<br />

muitas vezes sinaes, e relíquias <strong>de</strong> cera, que ar<strong>de</strong>o em cima das gáveas,<br />

e em outras partes em tempo do perigo. E conhecemos em Lisboa hum<br />

Piloto da carreira da índia, que com veneração, e <strong>de</strong>vação mostrava huni<br />

barrete l>em sinalado <strong>de</strong> pingos <strong>de</strong> cera ver<strong>de</strong>, que alTirmava recebera<br />

n'eUe tendo-o na mão, quando em meio da tempesta<strong>de</strong> salvava o lume<br />

santo, que polo alto aparecia. E na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagos, no Reino do Al-<br />

garve, he fama publica, que em hum templo do Santo que ali ha, on<strong>de</strong><br />

he venerado com nome <strong>de</strong> Corpo Santo, aparece muitas vezes em noites<br />

<strong>de</strong> inverno tormentosas hum lume muito claro, e resplan<strong>de</strong>cente, que<br />

não somente se <strong>de</strong>ixa bem ver, mas alumia parte do curucheo: e como<br />

he visto, se lhe faz salva com repiques <strong>de</strong> todos os sinos da cida<strong>de</strong>; e<br />

aíTii^oião que passada a tormenta, se tem achado sobre o curucheo muí-<br />

(I) Geiics. cuj). 9. (2) lixod. ciip. 8.

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