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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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270 LIVRO VI DA IIISTOUIA DE S. DOMINGOS<br />

110, que n^ellc cm muitos annos se gozou. Este he o Infante, <strong>de</strong> quem<br />

o povo conta que andou as sete partidas do mundo : e não ha duvida<br />

que correo muitas terras, e em Alemanha se achou com o Imperador<br />

Sigismundo em alguns feitos notáveis : e <strong>de</strong> Itaha passando por Pádua<br />

trouxe algumas reliquias do nosso Portuguez Santo António, que <strong>de</strong>u á<br />

sua Igreja <strong>de</strong> Lisboa ; e merece-nos esta memoria, porque sabemos que<br />

foi gran<strong>de</strong> áffeiçoado da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong> ; em tanto gráo, que<br />

todas as vezes que se offerecia tratar dos filhos d'ella, erao suas pala-<br />

vras como se fora hum d'elles, dizendo os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s da nossa Or<strong>de</strong>m. Foi<br />

indigna <strong>de</strong> suas gran<strong>de</strong>s virtu<strong>de</strong>s a morte, com que acabou (paga ver-<br />

gonhosa, e costumada do mundo, pêra que ninguém se engane com elle,<br />

e segredo inefíavel do Altíssimo) morreo em huma batalha (chamao-lhe<br />

da Alferroubeira as memorias antigas) em que só elle era buscado, e<br />

quasl só elle morreo, merecendo só viver. Mostra-se em huma parte da<br />

sepultura a divisa da Or<strong>de</strong>m da Garrotea, <strong>de</strong> que era Cavalleiro, com a<br />

letra d'ella. He Or<strong>de</strong>m dos Reis <strong>de</strong> Inglaterra, que communicão aos Prín-<br />

cipes amigos, e outras pessoas insignes. A outra parte se vem humas ba-<br />

lanças, e <strong>de</strong> mistura com ellas alguns ramos, <strong>de</strong> que pen<strong>de</strong>m humas bo-<br />

lotas como <strong>de</strong> azinheira, e huma letra <strong>Fr</strong>anceza <strong>de</strong> huma só palavra,<br />

que he Desir. Ainda que dizem que a rezâo das balanças era <strong>de</strong>vação<br />

particular, que tinha este Infante com o Ârchanjo S. Miguel por certo<br />

milagre, que se lhe attribuio em seu nacimento, a empresa quadra bem<br />

a quem tinha á sua conta a administração da Republica, e he verda<strong>de</strong>ira<br />

promessa <strong>de</strong> guardar justiça : mas porque o prometer muito nâo cáe<br />

em gente sisuda, oferece boa vonta<strong>de</strong> com a letra Desir, que diz <strong>de</strong>-<br />

sejo.<br />

E sendo, como são, mui louvadas em toda a empresa as letras bre-<br />

ves, não nos quiz faltar n'esta parte, e com huma' só palavra <strong>de</strong> duas<br />

syllabas satisf^iz bastantemente não só ao corpo da empresa, mas a tudo<br />

o que se <strong>de</strong>ve, e pô<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> hum singular governador, oííerecen-<br />

do-nos juntamente verda<strong>de</strong>ira imitação dos gran<strong>de</strong>s sábios <strong>de</strong> Grécia, os<br />

quaes havendo por nome arrogante o <strong>de</strong> Sábios (porque na verda<strong>de</strong> só<br />

Deos he Sábio) trocarão-no com o <strong>de</strong> Filósofos, que he o mesmo que ami-<br />

gos, ou <strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> saber(l). Assi o Infante prometendo-nos com humil-<br />

da<strong>de</strong> não effeitos, mas vonta<strong>de</strong> no governo publico, com ella só asse-<br />

gura eíTeitos excellentes, como outro Salamão, a quem os bons <strong>de</strong>sejos<br />

(1) Plutarc. Ciccr. i. <strong>de</strong> Olliciis et i. <strong>de</strong> Lcgibus.

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