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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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78 LIVRO iV DA IIISTOUIA DK í>. DOMLNíiOS<br />

Lisboa com biima náo carregada <strong>de</strong> vitualhas pêra provimento do campo<br />

Catholico : passado o Cabo <strong>de</strong> S. Vicente lhes sobreviera hum temporal<br />

tão furioso que se <strong>de</strong>rão por perdidos; e <strong>de</strong>sesperando <strong>de</strong> remédio nâa<br />

souberão outro, se nâo chamar polo Santo, a cuja virtu<strong>de</strong> tinhão ouvi-<br />

do dizer, que obe<strong>de</strong>cião os ventos, e as tempesta<strong>de</strong>s. E no mesmo ponto<br />

virão todos sobre a gavía do navio hum <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong>, que não<br />

duvidavão ser o Santo <strong>Fr</strong>ei Pêro Gonçalves. Porque ficando cheios <strong>de</strong><br />

consolarão, c confiança, fora logo acalmando o vento, e abonançara o<br />

CAPITULO XXV<br />

<strong>Da</strong> ponte que o Santo fez sobre o rio Minho: e da coutinuaçãq com que pregava:<br />

e <strong>de</strong> alguns milagres gran<strong>de</strong>s que fez.<br />

Passada a guerra, e conquistada Sevilha, como o Santo não sabia es*<br />

lar ocioso, foi dando volta por Castella : e no cabo tornou-se pêra os<br />

seus Galegos ou Portugueses do Minho, chamado, ou da singeleza da<br />

gente, ou da falta que entre elles havia <strong>de</strong> quem ensinasse. Pregava o<br />

Santo em Galiza, e era justo que <strong>de</strong>sse por bem empregado o trabalho<br />

n'ella. Porque os lugares se dospovoavão polo ouvir: e não contentes<br />

com huma só pregação, <strong>de</strong>ixavão suas casas, e hião-se apoz elle, molhe-<br />

res, homens, e mininos, por alcançarem nos outros lugares, a que pas^<br />

sava, as palavras <strong>de</strong> vida, que arrebatavão corações, e os fazião esquecer<br />

<strong>de</strong> tudo. Assi parecia que levava hum exercito trás si. Chegou hum<br />

dia ao rio Minho a certo passo, on<strong>de</strong> <strong>de</strong> verão havia váo junto ao lugar<br />

que chamão Castello não longe da vjlla <strong>de</strong> Ribadavia. Disserão-lhc ao<br />

passar que na mór parte do anno era o passo occasião <strong>de</strong> muitas mor-<br />

tes: porque sendo a passagem forçosa aos visinhos pêra remédio da vi-<br />

(Ja, acontecia per<strong>de</strong>rem-na muitos. Consi<strong>de</strong>rou o Santo o higar, ,e coro<br />

vista <strong>de</strong> olhos entcn<strong>de</strong>o o perigo que haveria crecendo as agoas <strong>de</strong> in-<br />

verno: sintio-se abrazar em zelo <strong>de</strong> charida<strong>de</strong>, compa<strong>de</strong>cido entranha-<br />

velmente dos pobres, a quem a miséria do estado obrigava pôr em risco<br />

vidas, e almas. E fazendo refleccão cm quantos irião em ni;ío estado, ou<br />

ao menos cheios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidos, pêra passar num momento do Imm mun.<br />

do a outro, propoz consigo lançar alii huma ponte: e como o <strong>de</strong>termi-<br />

nou, assi o disse logo aos que o seguião. Quando menos cuidavão fur-<br />

tou-se a todos, c foi-se ã Cor(e d'el-Rei flom Fernando ; dcu-lhe conta<br />

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