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^86 UVRO Vi DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />
veo Plutarclio hum livro (í): no qual <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> longos discursos assenta,<br />
que por este sois, <strong>de</strong> presente, se não po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r outra cousa, se-<br />
não hum só, e eterno Deos. E são suas palavras:<br />
JJeiís enim Est, et est nulla ratione íemporis, sed cvlcnúlatis immohi-<br />
lis, temporc et indinationc carenlis: in qaa nihil prius est, nihil pos-<br />
terias: nihil ftUurum, nihil prcvteritiim, nihil antiqnius, nihil recentius:<br />
sed una ciim sit, nnico Niinc seinpiternam iinpl.et dnrationem,<br />
E mais abaixo : Non enim multa sunt numina, sed unum. Quasi<br />
dizendo, que só Deos se po<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>ve dizer que He, e que este<br />
Ser he sem nenhuma <strong>de</strong>pendência, ou rezâo do tempos, mas só <strong>de</strong><br />
huma perenne, e immovel eternida<strong>de</strong>, eternida<strong>de</strong> carecente <strong>de</strong> tempo, e<br />
<strong>de</strong> mudança: e tal que se não dá n'ella nenhuma cousa primeira nem<br />
<strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira: nada futuro, nem passado: nada mais antigo, ou mais<br />
mo<strong>de</strong>rno: mas como he huma só, com hum só Agora, e he presente,<br />
enche, cumpre, e <strong>de</strong>clara sua perpetuida<strong>de</strong> eterna, e sem fim. Porque a<br />
verda<strong>de</strong> he» que não ha muitos Deoses, senão hum só. Até aqui Plu-<br />
tarcho. Favorecem este sentido o doutíssimo Padre <strong>Fr</strong>ancisco <strong>de</strong> Men-<br />
doça da Companhia <strong>de</strong> Jcsu no seu primeiro tomo sobre os Reis : e Eusébio<br />
no da Preparação Evangélica (2). E he a doutrina tão conforme com<br />
o que temos no sagrado Texto, que se pô<strong>de</strong> cuidar, que a bebeo o Gen-<br />
tio on<strong>de</strong> se lè: Ego suni qui stim; qni est, misit me ad vos. Eu sou aquel-<br />
le que sou: aquelle que he, esse me manda a vós outros (3). Resolve ulti-<br />
mamente este Autor que a cifra Ei, he hum aviso, que nos está obri-<br />
gando a temor, e amor, respeito, e <strong>de</strong>vação <strong>de</strong> hum Deos, que eterna-<br />
mente permanece, que isto dizem as palavras, com que vai cerrando o<br />
tratado: Hoc enim pronantiatum est, ttt nos percellat, et ad venerationem<br />
Numinis, ut pote qnod sit semper, excitat (4).<br />
Assi não tenho duvida, que o mesmo se nos representa cá na nossa<br />
cifra: e que he reposta <strong>de</strong>l-Rei ao Senhor que o manda empregar em<br />
<strong>de</strong>scobrir novos mares, e novas terras, quasi dizendo : Eu acho, Senhor*<br />
que só vós sois eterno, immorlal, e infinito : e pola mesma rezão só digno<br />
<strong>de</strong> ser buscado. Essas terras, e mares, inda que forão <strong>de</strong> muitos mundos jun-<br />
tos, em fim tem termo, e limite.<br />
E não obsta, nem <strong>de</strong>sfaz este sentido a letra G, porque ou serve só<br />
<strong>de</strong> guarda às outras duas : ou <strong>de</strong> nos apontar na eterna essência o sagra-<br />
(1) Plutarc. lib. <strong>de</strong> Ei apud Dclph. (2) <strong>Fr</strong>anc. <strong>de</strong> Wendora paj;. 'J')7 col. i. lit. C. —<br />
Euseb. lib. 11. cap. 7. (3) Exod. 3. (íj Plulurc. lib. <strong>de</strong> Ei apud Delph.