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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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02 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS i<br />

lares que cada pessoa ou experimentou em sua casa, ou ouvio contar nas<br />

<strong>de</strong> seus visinhos, e conhecidos, que são em gran<strong>de</strong> numero: e tudo aju-<br />

da a afervorar, e acen<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>vação. Diremos alguns no seguinte capi-<br />

tulo pêra honra da Santa, e argumento da fé, com que nesta villa he<br />

venerada sua memoria.<br />

CAPITULO XX<br />

De oljuús milagres <strong>de</strong> Sanla Caterina <strong>de</strong> Scna^<br />

que se virão neste Convento.<br />

Foi insigne milagre, e com que a Santa fez esclarecido o po<strong>de</strong>r que<br />

sua intercessão tem diante <strong>de</strong> Deos, hum em que também se vio o muito<br />

que vai a fé <strong>de</strong> quem sabe pedir. Trazia huma molher (e não era das<br />

mais humil<strong>de</strong>s do lugar) huma incharão sobre os narizes fea, e crecida<br />

a modo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> lobinho, que lhe cobria os olhos, e tomava a testa<br />

com <strong>de</strong>sformida<strong>de</strong> tal, que era cousa medonha, e nogenta (tevera prin-<br />

cipio <strong>de</strong> huma nacida que poucas vezes tem boa cura, chama-lhe a ci-<br />

rurgia NoH me tangere). Fugia a gente d'ella: e não havia animo tão<br />

compassivo, e mavioso, que lhe tevesse os olhos direitos. Era poios an-<br />

nos do Senhor <strong>de</strong> 159G. Vendo-sc sem remédio, e aborrecida da vida,<br />

tratou do melhor, e ultimo, que <strong>de</strong>vera ser primeiro: foi-se á Santa,<br />

prometteo-lhe huma novena diante do seu altar: comprio-a pontualmente:<br />

e a Santa lh*a pagou bem, porque no <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro dia estando diante<br />

d'ella em oração se lhe <strong>de</strong>spegou, e cahio no regaço toda aquella incha-<br />

ção, e carnaça pen<strong>de</strong>nte: e foi pêra sua casa sã, e hvre do pejo, e<br />

tormento que sintia, e do asco que a todos fiizia.<br />

Huma <strong>de</strong>vota da Santa tinha huma íillia minina doente <strong>de</strong> muito tempo<br />

<strong>de</strong> hum mal tão pouco entendido que nenlium medico atinava com<br />

elle: nem havia remédio, que lhe valesse, provando-so muitos, como se<br />

aplicavão sem conhecimento da causa. Determinou-se em pôr a cura <strong>de</strong><br />

todo ponto nas mãos da sua Santa : <strong>de</strong>spe<strong>de</strong> médicos, vai-se ao Convento,<br />

manda-lhe dizer huma Missa cantada. lie cousa certa que no mesmo dia<br />

lançou a minina huma cobra, que sendo medida era já <strong>de</strong> quatro pnlmos;<br />

e ainda que muito <strong>de</strong>lgada, divisavão-se-lhe polo lombo sinais <strong>de</strong> con-<br />

chas. Tornou logo sobre si a enferma, e não sintio mais docDça.<br />

<strong>Da</strong> mesma <strong>de</strong>vação usou outra pobre molher, o tão pobre que vivia<br />

<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r peixe na praça. Tendo huma íillia cega <strong>de</strong> catai'atas, e faltan-

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