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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PARTICULAR DQ REINO DE PORTUGAL 209'<br />

e huma <strong>de</strong> esmolas, que tirou polas Religiosas. Nos dias <strong>de</strong> Communhão<br />

tinha gran<strong>de</strong> silencio, e se não era em cousas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância,<br />

ninguém lhe ouvia palavra. E o mesmo fazia <strong>de</strong>sd'a quinta feira da Cea<br />

do Senhor até o sabbado <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> Missa : e também ao dia <strong>de</strong> Pas-<br />

choa. E da quinta pêra a sesta sempre assistia <strong>de</strong> joelhos diante do San-<br />

íissimo Sacramento com os olhos feitos rios <strong>de</strong> lagrimas : e se as dici-<br />

pulas lhe perguntavâo pola causa d'e!las pêra apren<strong>de</strong>rem, e porque a<br />

nao vião chorar nunca senuo com gran<strong>de</strong>s occasiões, respondia com sin-<br />

geleza santa estas palavras : Vou visitar aquella gente saata, que está<br />

<strong>de</strong>sconsolada : entendia poios Santos Apóstolos, <strong>de</strong> quem tinha o nome,<br />

e era por estremo <strong>de</strong>vota^ e como tal solenizava seus dias. e vésperas.<br />

Mas entre as festas, que com mais espirito celebrava, era huma a <strong>de</strong><br />

todos os Santos : guardava n'ella silencio perpetuo, falando só com os<br />

ollios, e com gran<strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> lagrimas, e confessava que lh'as ar-<br />

rancavâo á força humas vehementes sauda<strong>de</strong>s> que n'este dia tinha da<br />

Gloria, e <strong>de</strong> tal companhia.<br />

Veio a adoecer da doença <strong>de</strong> que Deos a levou, hum dia <strong>de</strong>spois <strong>de</strong><br />

S. Pedro Martyr, estando confessada, e commungada da mesma festa<br />

durou-lhe a enfermida<strong>de</strong> trinta e cinco dias. Nesta, e em outras, que<br />

teve por toda a vida, mostrou paciência <strong>de</strong> Santa, não soífrendo que por<br />

ella <strong>de</strong>ixassem as Religiosas <strong>de</strong> iicodir aos Officios Divinos, e ficava <strong>de</strong><br />

boa vonta<strong>de</strong> só, porque ellas não <strong>de</strong>sacomipanhassem o coro. Pagava-lh'o<br />

bem o Senhor, porq,ue huma manhã <strong>de</strong>spedindo a todas pêra o coro te-<br />

ve huma visita do Ceo, que contou a humas particulares amigas com pa-<br />

lavras geraes dizendo, que homens <strong>de</strong> muita magesta<strong>de</strong> lhe cercarão o<br />

leito : e apertada que dissesse mais, acrecentou, que entendia erão os<br />

seus Santos Apóstolos.<br />

Hum dia antes que falecesse per<strong>de</strong>o a fala com hum paroxismo, que<br />

lhe sobreveio-; mas no geito, com que acodia ao que lhe dizião, moMra-<br />

va estar com perfeito juizo; Assi se foi resolvendo aquella vida, e esteve<br />

lidando até o outro dia. Na noiíe antes <strong>de</strong> acabar tornou a cobrar a fala,<br />

e^ estando mui em si, perguntou com voz clara, que gente era a que<br />

via, 6 que vinha ali fazer, ou pêra on<strong>de</strong> hia. Respon<strong>de</strong>ndo-lhe as circuns-<br />

tantes, que todas erão suas filhas,, e amigas, tornou dizendo, que a ellas<br />

conhecia muito bem^ mas a gente, que dizia, era outra, e muita. E o<br />

caso foi, que toda aquella noite se ouvio polo dormitório huma estro-<br />

peada, e rumor como <strong>de</strong> gente junta, que obrigou algumas Religiosas a^<br />

VOL.II. li<br />

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