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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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2 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

<strong>de</strong> cada hum dos filhos, lança em hum capitulo junto o que ha <strong>de</strong> cada<br />

filho, hum por hum, até os enterrar todos, inda que vencessem em vi-<br />

da, e annos ao pai, e <strong>de</strong>sobrigado d'elles, prosegue sua narração. <strong>Da</strong><br />

mesma maneira faço conta que o corpo da Provinda he aqui o nosso<br />

Rei, cuja Crónica escrevemos: os Conventos síio os filhos: á Crónica do<br />

Bei pertence lançarmos em memoria quando, e como lhe naceo o filho,<br />

e a filha: e na hora que lhe. damos o nacimento, <strong>de</strong>senrolar logo sua<br />

vida até o fim, pêra evitar confusão : e dcspois tornar aos successos ge-<br />

rais, e ir eontimiando n'elles segundo a or<strong>de</strong>m dos annos. Com esta co-<br />

meçamos a Historia, na mesma iremos proseguindo ato o cabo, se Deos<br />

for servido dar-nos forças pêra }h'o vermos.<br />

Seguindo a metáfora proposta, nace n'este anno <strong>de</strong> Í26G a nosso<br />

Rei, que he nossa Província, hum filho que he o Convento <strong>de</strong> Elvas.<br />

Mas porque se offerecem juntamente successos <strong>de</strong> importância que tocão<br />

â Província, diremos primeiro estes, e logo tornaremos ao filho. He<br />

pois <strong>de</strong> saber, que correndo com gran<strong>de</strong> credito <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, e prospe-<br />

rida<strong>de</strong> <strong>de</strong> governo os Conventos que n'este tempo tínhamos em Portu-<br />

gal, sendo estimados dos Ueis, e do povo, e trazidos nos olhos dos<br />

Provinciais, foi Deos servido pêra os fins que elle sabe, que sempre são<br />

<strong>de</strong> nosso proveito, levantar huma rigorosa perseguição contra os Reli-<br />

giosos todos, e contra todos os Conventos, e passou d'esta maneira. Cor-<br />

ria o povo com gran<strong>de</strong> frequência a nossas Igrejas aos Sermões, e dou-<br />

trinas, e Ofíicios Divinos : e como a vida, e proce<strong>de</strong>r dos Religiosos di-<br />

zia com o que insinuavão, era gran<strong>de</strong> a <strong>de</strong>vação com que lhes acudia<br />

amontoando esmolas, e provimento <strong>de</strong> toda sorte pêra as Communida-<br />

<strong>de</strong>s, tomando jazigos, e capellas nas Igrejas, encomendando Missas, e<br />

suíTragios nas sacristias. Foi isto em tanto crecimento (como as cousas<br />

do povo seguem sempre estremes) que os Sacerdotes seculares o vierão<br />

a sintir, ou como menos cabo seu, ou como <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> suas Igrejas,<br />

e benesses: levantarão queixa, apertarão com os Prelados, como atrás<br />

vimos na cida<strong>de</strong> do Porto. Começarão os Bispos a fazer caso do nego-<br />

cio, ou temendo que lhes faltassem Curas, ou parecendo-lhes que esta-<br />

vão obrigados a sustentar a causa em que o Clero hia interessado: e a<br />

poucos lances <strong>de</strong>lerminarão-se em cousa, que foi tirar em claro aos<br />

Conventos todo o género <strong>de</strong> remédio, tolhião-lhes enterros, impedião<br />

esmolas, e offertas, prohibião aos Diocezanos ouvirem os Officios Divi-<br />

nos nas Igrejas dos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, castigando com rigor os que faltavão. na's

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