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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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^^, LIVRO IV DA IIISTOIVIA DE S. DOMINGOS<br />

tulo <strong>de</strong> Nossa Senhora da Graça, situada cm liuma montanha fragosa,<br />

<strong>de</strong> penedias, e intratável enlâo por espessura <strong>de</strong> matos, agora aberta<br />

toda, e bem cultivada. N'el!a se airirma que residirão alguns <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, nossos,<br />

dos primeiros que começarão a pregar polo Reino. O que he bem<br />

<strong>de</strong> crer, polo que temos visto nas poucas commodida<strong>de</strong>s que aquelles<br />

primeiros irmãos nossos, cheios <strong>de</strong> espirito do Ceo, buscavão pêra o<br />

corpo, escolhendo viver nas serras pêra se mortificarem, e darem a en-<br />

ten<strong>de</strong>r aos povos, que d'el[es não querião mais que as almas. Dura hoje<br />

na Ermida em penhor do que dizemos, huma imagem do Padre S. Do-<br />

mingos, pintado a fresco sobre o arco do cruzeiro: e ha pouco tempo<br />

que durava no altar outra <strong>de</strong> vulto, que por consumida dos annos, e<br />

roida do gusano, como era <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, mandou hum visitador que se<br />

tirasse por reverencia, e <strong>de</strong>coro do Santo. Em roda se vem ainda ruí-<br />

nas, que mostrão a quadra do Claustro, e suas colunas, e huma cisterna<br />

em meio, e lanços <strong>de</strong> oíficinas. E porque tudo conforme, retêm a mon-<br />

tanha hoje em dia o nome <strong>de</strong> S. <strong>Domingos</strong>: e huma ponte que se passa<br />

ao pé d'ella <strong>de</strong> boa fabrica, e <strong>de</strong> hum só arco, por rezão das muitas<br />

agoas que <strong>de</strong>cem do alto nas invernadas, mostra ser fabrica religiosa<br />

l)orque como em agra<strong>de</strong>cimento, e memoria <strong>de</strong> seu autor lhe chamão<br />

do <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>. E porque digamos tudo, huma pequena Ermida que se en-<br />

contra á subida da serra, com ser da invocação <strong>de</strong> S. Jeronymo está to-<br />

davia acompanhada <strong>de</strong> huma imagem <strong>de</strong> nosso Santo. Sofrião os Religiosos<br />

a vivenda cansada, e áspera do monte, em quanto hia também<br />

quebrando, e abrandando com a santa doutrina a secura, e fereza dos<br />

corações Portuguezes, que sendo <strong>de</strong> seu natural inclinados ao bem, o<br />

exercício das armas, a que anda vão entregues pola necessida<strong>de</strong> conti-<br />

nua, em que os tinha a vizinhança dos Mouros, era causa <strong>de</strong> andarem<br />

remontados no que tocava ás almas. Forão libertando as terras, e come-<br />

çando a ter alguma quietação: foi o fogo da palavra divina também pe-<br />

netrando, e fazendo seu oílicio nos bons ânimos: logo os mesmos hou-<br />

verão por crueza custar tão caro aos Religiosos o beneficio que lhes<br />

vinhão fazer, procurarão ahviar-lhes o trabalho, e encurtar-lhes o cami-<br />

nho. Assi se começou a tratar <strong>de</strong> novo Convento em huma herda<strong>de</strong> mais<br />

vizinha á cida<strong>de</strong>. Mas parecendo que ficavão ainda longe, hum vizinho<br />

honrado por nome Estevão Martins tratou com os do governo trazeremnos<br />

pêra a cida<strong>de</strong> a hum sitio pr\^ado com os muros, on<strong>de</strong> o mesmo<br />

possuía hum pedaço <strong>de</strong> terra, que ao parecer seria capaz <strong>de</strong> Mosteiro.

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