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206 UVKO V DA HISTOíilA DE S. DOMINGOS<br />
itiodos <strong>de</strong> ííiais agradar a Deos. E como n'este ponto consiste todo nosso<br />
bem, sendo assi que pela oração, e meditação se une com Deos nossa<br />
alma: e quanto esta união be mais perfeita, tanto ficamos mais visinhos<br />
aos bens da gloria, que esperamos, bem po<strong>de</strong>mos assentar, que quem<br />
n'ella se aventajar sobirá brevemente ao cume <strong>de</strong> todas as virtu<strong>de</strong>s.<br />
Porque a oração he fogo, que purifica a alma da escoria dos vicios, que<br />
a aíTeão: be tbesouro que a enfeita com jóias, e louçainlias <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s,<br />
que a fazem bella, e fermosa aos olhos do Creador: he espelho que nos<br />
<strong>de</strong>scobre os <strong>de</strong>feitos mais escondidos da alma: e emfim he huma ca<strong>de</strong>a<br />
composta toda <strong>de</strong> fusis <strong>de</strong> ouro, como lhe chama o divino Dionysio Areo-<br />
pagita, pola qual nos alamos com facilida<strong>de</strong> da terra ao Geo. N'esta vir-<br />
tu<strong>de</strong> foi insigne esta Madre muito alem do que se po<strong>de</strong> encarecer, e por<br />
aqui po<strong>de</strong>mos fazer juizo quanto se adiantaria nas outras. Era cousa ave-<br />
riguada no Convento, que quem a quizesse achar, em nenhuma parle a<br />
tinha certa como no coro. Hora <strong>de</strong> paira, nem conversação sua ninguém<br />
a teve nunca, se não era estando enferma, porque estava presa da doen-<br />
ça. A seculares nunca tratou, nem pêra elles chegou á gra<strong>de</strong>, senão foi<br />
<strong>de</strong>spois <strong>de</strong> Mestra <strong>de</strong> noviças pêra acompanhar as súbditas por obriga-<br />
ção do ofílcio : e avisar a seus pais, ou irmãos do que convinha pêra<br />
ellas. Por não <strong>de</strong>ixar a oração lhe acontecia ir muitas vezes a Matinas<br />
sem se <strong>de</strong>itar: e <strong>de</strong>spois d'ellas ou ficava no coro, ou se se recolhia ao<br />
leito, era pêra orar <strong>de</strong> novo diante das imagens, que alH tinha. E quando<br />
por fraqueza natural a vencia o sono, vingava-se <strong>de</strong> si com se encostar<br />
bum pouco assi vestida sobre o ladrilho : e pêra que durasse menos o<br />
<strong>de</strong>scajiço, ou fosse misturado com pena, tomava por cabeceira huma pedra.<br />
Soube-se isto, porque lhe virão no leito huma muito gran<strong>de</strong>; e não ati-<br />
nando a que fim, a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r nos feitos alheios obrigou<br />
algumas Madres a querer saber <strong>de</strong> que lhe po<strong>de</strong>ria servir bum penedo,<br />
on<strong>de</strong> se buscão cousas <strong>de</strong> recreação, ou alivio: e virão por seus olhos,<br />
que lhe servia <strong>de</strong> almofada.<br />
Não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sentir o enemigo infernal, polo capital ódio que<br />
1)03 teí», os ganlws que esta alma hm pêra si, e pêra muitos por taes<br />
meios. Atrás contamos <strong>de</strong> huma visão, que teve a Madre Caterina da<br />
Qosta, e da reposta, (jue lhe foi dada polas almas, que se lhe represen-<br />
tai:ão. Basta repetir aqui somente, que sendo ainda muito moça a Madre<br />
Sor Micia, o estando julgada á morte <strong>de</strong> huma grave doença, alcança-<br />
rão as al;nas, por quem orava, po<strong>de</strong>rem vir consolo 1-a, e darem novas <strong>de</strong>