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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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262 LÍVRQ VI DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> nome n'este Reino em virtu<strong>de</strong>, e letras. A obra corria por<br />

ministros Reaes; elle com seus companheiros não faziâo mais que dizer<br />

sua Missa, prégar-lhes nos dias <strong>de</strong> festa, e residir como em casa sua:<br />

mas não da vão voto nem traça, nem or<strong>de</strong>m em cousa alguma, porque<br />

toda a fabrica estava á conta <strong>de</strong>l-Rei, e dos que em seu nome presidião<br />

n^ella.<br />

CAPITULO XÍII<br />

Do sitio que el-Reí escollieo pêra o Mosteiro, e das razoens que o moverão<br />

a edificar nelle.<br />

Quiz el-Rei fazer bum templo, e Mosteiro, que exce<strong>de</strong>sse todos os<br />

famosos da Christanda<strong>de</strong>, não só <strong>de</strong> Espanha; e na verda<strong>de</strong> alcançou com<br />

cffeito e realida<strong>de</strong>, o que preten<strong>de</strong>o com o <strong>de</strong>sejo e animo. Porque na<br />

sua ida<strong>de</strong>, e em muitos annos <strong>de</strong>spois não foi edificada tão gran<strong>de</strong>, nem<br />

tão magnifica, nem tão perfeita, e pohda fabrica. Chamou <strong>de</strong> longes ter-<br />

ras os mais celebres Architectos, que se sabião, convocou <strong>de</strong> todas as<br />

partes officiaes <strong>de</strong> cantaria <strong>de</strong>stros, e sábios, convidou a buns com hon-<br />

ras, a outros com grossos partidos, obrigou a outros com tudo junto.<br />

A voz da gran<strong>de</strong>za da obra acodio <strong>de</strong> todo o Reino numero infinito <strong>de</strong><br />

pionagem a servir, e trabalhar, e ganhar jornaes (que este bem tem as<br />

obras gran<strong>de</strong>s, manter muitos pobres). Havia muito dinheiro, e fi<strong>de</strong>li-<br />

da<strong>de</strong> nos ministros, voava a obra, não só corria. Mas antes que entremos<br />

nas particularida<strong>de</strong>s da fabrica, não seráemprogo sem proveito bus-<br />

carmos com hum breve discurso, que causas moverão hum Rei pru<strong>de</strong>nte,<br />

concebendo em seu grandioso espirito levantar huma machina, que fosse<br />

maravilha do mundo, fundal-a em huma charneca quasi <strong>de</strong>serta, não só<br />

falta <strong>de</strong> bosques alegres, <strong>de</strong> fontes, e frescura: e em sitio baixo e hú-<br />

mido. Achão-se nas cida<strong>de</strong>s, e povos gran<strong>de</strong>s, ou perto d'elles muitos<br />

olhos, e muitos bons juizos, pêra verem, louvarem, e estimarem as cou-<br />

sas insignes: bosques, e frescura ajudão muito, ornando, e acompanhando<br />

os Conventos gran<strong>de</strong>s: os lugares eminentes dão lustre, e fazem crescer<br />

na prospectiva, e representação qualquer edificio, porque se começa <strong>de</strong><br />

muito longe a lograr com os olhos dos que a elle vem: e logra-se com<br />

saú<strong>de</strong> dos que <strong>de</strong>ntro vivem: sendo polo contrario o sitio humil<strong>de</strong> en-<br />

cobridor da gran<strong>de</strong>za, e abatedor da magesta<strong>de</strong>, occasião <strong>de</strong> enfermida-

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