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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PARTICULAU DO IftlINO DE PORTUGAL ÍÍ23<br />

sor, lhe pedio que logo as escrevesse pêra nunca d'ellas se po<strong>de</strong>r es-<br />

quecer, <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> lhe contar a visão.<br />

Com muitas outras consolações a favoreceo o Senhor no meio d'estc<br />

purgatório, que sendo duríssimo <strong>de</strong> levar eilas lh'o hião fazendo paraí-<br />

so. Foi huma mostrar-lhe a hora <strong>de</strong> seu transito tanto ao justo, que<br />

mandou escrever a seu íilho mais velho dom Manoel Coutinho, que es-<br />

tava em Lisboa, que até véspera <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Fr</strong>ancisco, terceiro dia <strong>de</strong> Outubro,<br />

se achasse em Santarém se a queria ver antes <strong>de</strong> acabar: e com<br />

a mesma certeza fez escrever cartas a algumas pessoas <strong>de</strong>votas com quem<br />

se communícava, <strong>de</strong>spedínd'o-se d"ellas, e or<strong>de</strong>nou seu testamento, e pe-<br />

dio, e recebeo todos os Sacramentos da Igreja,<br />

Na madrugada do dia em que faleceo aos três <strong>de</strong> Outubro se lhe<br />

representou á vista hum altar cercado <strong>de</strong> resplandores, e fermosura ce-<br />

lestial, e todo semeado <strong>de</strong> rosas: e n^elle hum Sacerdote, que lhe dizia<br />

Missa, e <strong>de</strong> sua mão a commungava. Po<strong>de</strong>-se crer, ainda que o não <strong>de</strong>-<br />

clarou, que seria o mesmo Christo <strong>de</strong> quem tantas mercês cada hora re-<br />

cebia. Acom.panhava-a seu Confessor, a quem contou a visão, e por oc-<br />

casião d'ella llie reíirio n'esta hora, que quando recebera as chagas in-<br />

teriores nos pés, e mãos, e a exterior do lado vira <strong>de</strong>cer do Geo liumas<br />

linhas <strong>de</strong> fogo, e sangue, que a ferirão, e certiíicarão da mercê que o<br />

Senlior lhe fazia. Tinha pedido a Deos, que fosse sua morte em dia <strong>de</strong><br />

quinta feira, por ser <strong>de</strong>dicado á solenida<strong>de</strong> do Santíssimo Sacramento<br />

<strong>de</strong> quem era gran<strong>de</strong>mente <strong>de</strong>vota: e na hora em que Christo sobio aos<br />

Ceos, que sempre chamava a sua fermosa tiora. Tudo lhe conce<strong>de</strong>o o<br />

Senlior, porque o dia da véspera <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Fr</strong>ancisco, que foi aos três <strong>de</strong><br />

Outubro, cahío em quinta feira, e n'ella a levou pêra si, no ponto da<br />

huma hora <strong>de</strong>spois do meio dia. Foi cousa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espanto pêra to-<br />

dos os que se acharão presentes, e acompanharão â sepultura, a suavi-<br />

da<strong>de</strong>, e novida<strong>de</strong> do cheiro, que d'ella sahia, e a formosura, e graça<br />

extraordinária, que se lhe notava no rosto. Foi enterrada como Religiosa<br />

no cemitério do Convento, e levada na tumba dos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, e por elles:<br />

anuo <strong>de</strong> 1585, aos quarenta e três <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong>, ou pouco mais.<br />

FUI DO LIVRO V.

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